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Tragédia de Mariana: acusação diz pela 1ª vez em júri que BHP recebeu ‘sinais de alerta’ seis anos antes

Na semana que o rompimento da barragem em Brumadinho completa seis anos, a corte inglesa retomou com o julgamento que pede mais de R$ 260 bilhões em indenizações

Desastre da barragem de Fundão em Mariana (MG)

A Justiça da Inglaterra retomou, na última semana, o julgamento da ação movida por atingidos pelo rompimento da barragem em Mariana, na região Central de Minas Gerais, em 2015. Na última quarta-feira (22), foi dito, pela primeira vez em júri, que a BHP Billiton, uma das controladoras da Samarco, sabia sobre os sinais de alerta da barragem de Fundão, pelo menos seis anos antes de o desastre acontecer.

As informações foram apresentadas no Tribunal Superior de Londres. Durante a argumentação, o advogado que representa os atingidos, relembrou que a Vale levantou, inicialmente, a hipótese de que três pequenos terremotos teriam contribuído para o rompimento, o que foi descartado posteriormente.

Até a próxima quarta-feira (29), o Tribunal deve ouvir especialistas em questões geotécnicas para entender as causas que causaram a acidente.

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No total, 620 mil pessoas processam a BHP pelo desastre na corte inglesa, além de civis, empresas, municípios e também comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.

Durante as audiências do ano passado, o tribunal ouviu, conforme relato divulgado, que a BHP sabia, pelo menos três anos antes do rompimento, que a Vale estava despejando 1,3 milhão de toneladas de rejeitos de mineração na barragem anualmente desde 2009.

A tragédia provocou a morte de 19 pessoas. O rompimento liberou 40 milhões de metros cúbicos de resíduos e lamas tóxicos no Rio Doce.

A Itatiaia procurou a BHP que, em nota, refutou as alegações feitas no tribunal. A empresa afirma que os conselheiros da Samarco, indicados pela BHP Brasil, não sabiam que a segurança da barragem de Fundão estava comprometida. “Na verdade, eles foram repetidamente assegurados por engenheiros e especialistas, incluindo especialistas independentes internacionalmente reconhecidos, de que a barragem estava sendo bem gerenciada, segura e estável”, diz trecho do comunicado enviado para a reportagem.

Confira a nota na íntegra:

O rompimento da barragem de Fundão da Samarco em 2015 foi uma tragédia terrível. A BHP Brasil sempre esteve e segue comprometida com a reparação do meio ambiente e com a justa compensação aos atingidos.

A BHP refuta as alegações feitas no tribunal esta semana. Queremos deixar claro que os conselheiros da Samarco, indicados pela BHP Brasil, não foram informados de que a segurança da barragem estava comprometida. Na verdade, eles foram repetidamente assegurados por engenheiros e especialistas, incluindo especialistas independentes internacionalmente reconhecidos, de que a barragem estava sendo bem gerenciada, segura e estável.

Em outubro de 2024, um novo e definitivo acordo foi assinado entre o governo brasileiro, estados, instituições de Justiça e as empresas, somando R$ 170 bilhões para a reparação dos impactos do rompimento, incluindo os R$ 38 bilhões já desembolsados pelas empresas. O recente acordo é o resultado de vários anos de análise e trabalho com todos os níveis do governo brasileiro e demais autoridades públicas.

A implementação do acordo segue progredindo de forma positiva, e a BHP segue acreditando que ele é a via mais rápida e eficiente para a compensação dos impactados pelo rompimento da barragem.


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Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.