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Julgamento na Inglaterra continua após acordo de Mariana, diz escritório que representa as vítimas

Segundo os representantes do Pogust GoodHead, a repactuação é uma reação das empresas à evolução do caso na corte britânica

O advogado Tom Goodhead

O escritório que representa os atingidos na ação em Londres repercutiu, nesta sexta-feira (25), a assinatura do acordo de Mariana realizado no Brasil. Segundo os representantes do Pogust GoodHead, a repactuação é uma reação das empresas à evolução do caso na corte britânica.

“O acordo mostra que, após 9 anos de negligência, as mineradoras finalmente decidiram reagir à pressão da opinião pública e do julgamento na Inglaterra, que começou na última segunda-feira, mas, ainda assim, os valores definidos estão longe de cobrir os profundos prejuízos sofridos pelas vítimas, que continuam lutando por justiça e reparações integrais. A assinatura deste acordo só demonstra, portanto, a relevância da ação inglesa”, afirmou o escritório em nota.

Os advogados dos atingidos, que pedem R$ 230 bilhões em indenização, criticaram os valores negociados no Brasil. “Infelizmente, as negociações no Brasil ocorreram a portas fechadas, sem transparência, e foram encerradas sem participação dos atingidos. Além disso, o acordo prevê que parte da reparação será diluída em 20 anos, ou seja, 30 anos após o desastre”, completaram.

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Ainda segundo os representantes legais das vítimas da justiça inglesa, mesmo após o acordo, o processo continua. “Os tribunais ingleses foram claros ao determinar que o julgamento na Inglaterra pode prosseguir independentemente dos eventos no Brasil, apesar das repetidas tentativas da BHP de negar aos nossos reclamantes essa via para a justiça”, afirmaram em nota.

Apesar de a BHP ter afirmado perante a corte britânica que alguns requerentes já receberam os valores devidos, o escritório nega que haja duplicidade de pedidos.

“Reiteramos também que não haverá qualquer tipo de duplicidade de indenizações. Nossos clientes não foram incluídos nas negociações e buscam reparações integrais por uma série de danos morais e materiais que não estão contemplados no acordo no Brasil’, concluiram eles.

O julgamento começou na última segunda (25) e termina em março.


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Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.