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Presidente do Banco Central diz que vê com ‘muita preocupação’ o fim da escala 6x1

Roberto Campos Neto voltou a fazer críticas a PEC, proposta pela deputada Erika Hilton, e afirmou que se aprovada, a medida trará mais deveres aos empregadores

De acordo com ele, a proposta pode alterar a estabilidade nos números do desemprego no Brasil

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a fazer críticas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende acabar com a escala 6x1, seis dias de trabalho e um de folga, no Brasil. Em um evento nesta segunda-feira (18), ele afirmou que vê com “muita preocupação” a ideia proposta pela deputada federal Erika Hilton (PSOL).

“O desemprego continua surpreendendo [positivamente]. Acho que grande parte da surpresa do desemprego se deve, ou pelo menos uma parte relevante, as reformas trabalhistas e por isso eu comentei outro dia que vejo com muita preocupação esse projeto do 6x1, pois vai em contra o que a gente produziu, que foi muito bom para o emprego no Brasil e tem evidência disso”, declarou durante uma palestra no Insper, uma instituição de ensino superior em São Paulo.

Na última quinta-feira (14), o presidente do BC disse que a redução da jornada de trabalho, como prevê o texto, iria diminuir a produtividade e aumentar o custo de trabalho. O posicionamento de Campos Neto foi alvo de críticas da presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, que chamou o economista de “cara de pau”.

“Que Roberto Campos Neto não entende nada sobre a vida e as necessidades de quem trabalha pra ganhar a vida num país com as maiores taxas de juros do mundo, isso não é novidade para ninguém. Mas dizer que o fim da jornada 6x1 vai prejudicar os trabalhadores é muita cara de pau. A declaração serve, pelo menos, para deixar bem claro de que lado ele está, e não é o lado dos trabalhadores nem o do Brasil”, disparou.

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Campos Neto foi indicado ao cargo de presidente do BC por Jair Bolsonaro (PL), durante o primeiro mandato em 2018. Em 2019, o nome dele foi aprovado no Senado com 55 votos favoráveis e apenas 6 contrários.

Desde a troca de governo de Bolsonaro para Lula (PT), a relação de Campos Neto com o Palácio do Planalto é marcada por tensões.

O que diz o texto da PEC?

Segundo a PEC, a duração do trabalho não será superior a “oito horas diárias e trinta e seis horas semanais, com jornada de trabalho de quatro dias por semana”.

Atualmente, a Constituição define que a jornada de trabalho no Brasil não pode exceder oito horas diárias e 44 horas semanais.

A proposta também mantém, como é hoje, a possibilidade de uma compensação de horários e a redução da jornada, desde que haja acordo ou uma convenção coletiva de trabalho.

O texto estabelece ainda que a mudança só entrará em vigor 360 dias após a promulgação da futura emenda.

Em sua justificativa, Erika Hilton argumenta que a redução para uma jornada de 4 dias de trabalho segue uma tendência que já vem sendo adotada em outros países, visando a “necessidade de adaptação às novas realidades do mercado de trabalho e às demandas por melhor qualidade de vida dos trabalhadores e de seus familiares”.


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Jornalista pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.