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Saiba quem é Campos Neto, presidente do Banco Central, alvo de críticas de Lula

Roberto Campos Neto, à frente do BC desde 2019, se tornou principal alvo de críticas de aliados do Palácio do Planalto

Campos Neto se tornou principal alvo de críticas do presidente Lula e de aliados do Palácio do Planalto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se tornou o principal alvo das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante uma entrevista concedida pelo chefe do Executivo à CBN nesta terça-feira (18).

Lula afirmou que Campos Neto tem “lado político” e trabalha para prejudicar o país. O presidente se mostrou irritado com a presença de chefe do BC em um jantar oferecido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e comparou Campos Neto com o ex-juiz da Lava-Jato e hoje senador Sergio Moro (União).

Economia no DNA da família

Natural do Rio de Janeiro, o economista Roberto Campos Neto, de 54 anos, vem de uma família com nomes tradicionais da economia brasileira. Seu avô, Roberto Campos, comandou o Ministério do Planejamento do general Castelo Branco, entre 1964 e 1967, primeiro presidente da Ditadura Militar.

O avô do atual presidente do BC trabalhou também nos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, sendo um dos idealizadores da criação da Petrobras e do próprio Banco Central do Brasil.

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Roberto Campos Neto se graduou como economista na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, em 1993, e se especializou em finanças na mesma instituição.

A partir de 1996 ele ingressou no mercado financeiro e passou a trabalhar para o banco Bozano Simonsen como trader. Em 2000, o banco foi comprado pelo Santander e Campos Neto trabalhou nesta outra instituição financeira. No banco espanhol, ele passou por vários cargos, como chefe do setor de trading, chefe da área de Renda Fixa Internacional e Gerente de Carteira de Investimentos.

Escolha de Bolsonaro

No dia 15 de novembro de 2018, Roberto Campos Neto foi indicado pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro como presidente do Banco Central. Em fevereiro de 2019 seu nome foi aprovado no Senado com 55 votos favoráveis e 6 votos contrários.

Ele havia se aproximado do economista e ministro da Economia, Paulo Guedes, na defesa da autonomia do Banco Central.

Em seu discurso de posse, Campos Neto defendeu menor influência de Brasília nas decisões do BC. “Estou convicto de que, com os esforços de todos nós, o BC contribuirá para o desenho de um país melhor, fundado no livre mercado, onde se destaque cada vez mais o Brasil e menos Brasília”, afirmou.

Voto com camisa da Seleção

Na eleição de 2022, apesar de não declarar apoio a Bolsonaro, Campos Neto foi votar com uma camisa da Seleção Brasileira, muito usada nas manifestações de apoio ao então presidente. No ano passado, já no governo Lula, o presidente do BC disse se arrepender de ter usado a camisa no dia da votação.

“O voto é uma coisa muito privada. Era uma escola na frente da minha casa, que eu fui só com meu filho. Era uma coisa mais do mundo privado do que do mundo público. Obviamente, hoje, pensando, eu não teria feito isso, né? Pensando em hoje”, afirmou durante programa de entrevista do Pedro Bial, na TV Globo.

Desde o início do governo Lula, em janeiro de 2023, a relação entre Campos Neto e o Palácio do Planalto é marcada por tensões e ataques. Lula critica as altas taxas de juros e afirma que a independência do BC tem atrapalhado a política econômica de seu governo.

As expectativas do mercado têm se deteriorado nas últimas semanas e apontam para uma manutenção dos juros em 10,5%. Para Lula, isso é um sinal de “desajuste” na autarquia.

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Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.