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Lira atrasa tramitação do PL da anistia e cria comissão para analisar o tema

Decisão do presidente da Câmara dos Deputados devolve à estaca zero a tramitação do texto que gerava polêmica e que poderia ser votado nesta terça-feira, na CCJ

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu criar uma comissão especial para discutir o projeto de lei que anistia as pessoas que foram condenadas pelos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.

A decisão ocorre no mesmo dia em que o projeto de anistia estava pautado para ser votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pela deputada federal Caroline de Toni (PL-SC). Na prática, a decisão de Lira faz com que o projeto retornasse para a estaca zero.

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Agora, a tramitação segue por outros caminhos. Após a indicação dos membros do grupo, o projeto ainda deverá aguardar a instalação da comissão e a eleição do presidente e do relator do grupo, além de estabelecer um cronograma de debates. Só depois de todo esse processo, o projeto poderá ser votado diretamente no plenário.

O que diz o texto?

O projeto prevê anistia a todos que participaram de atos políticos ou eleitorais entre 8 de janeiro de 2023 e a data de vigência da nova lei. A anistia abrangerá aqueles que apoiaram os atos por meio de doações, apoio logístico, prestação de serviços ou publicações em redes sociais.

Se sancionada, a norma garantirá aos envolvidos o cancelamento de multas aplicadas pela Justiça, a manutenção de seus direitos políticos e a revogação de restrições à liberdade de expressão nas redes sociais.

Além disso, a proposta tem sido utilizada como “moeda de troca” por membros da oposição nas negociações para as eleições do comando da Câmara no próximo ano. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, já afirmou que a sigla apoiará apenas candidatos que se comprometerem com o avanço do projeto.

Outro interesse do PL no texto diz respeito ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que também pode ser anistiado. Apesar de ainda não ter sido condenado no inquérito que tramita sobre o caso no Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro está inelegível até 2030, atrapalhando os planos de se candidatar à presidência em 2026.

Mas a discussão não será simples, já que o PT e outros partidos de esquerda declararam que o projeto também estará na pauta de negociações sobre a presidência da Câmara.


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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio