Em Fortaleza, no Ceará, a disputa no segundo turno entre
André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) dividiu o diretório municipal do PDT na cidade e acirrou ainda mais a relação de Ciro Gomes (PDT) com o irmão Cid Gomes (PSB).
Com
José Sarto (PDT), que tentava a reeleição, de fora, a decisão do partido foi a neutralidade, mas internamente membros do PDT divergem de opinião. O presidente da sigla, o deputado federal
André Figueiredo (PDT), participou de um comício de Leitão na capital cearense. Do outro lado, Roberto Cláudio, ex-prefeito pedetista de Fortaleza, ingressou na campanha de Fernandes e Prisco Bezerra, membro do PDT, suplente do senador Cid Gomes (PSB), doou R$ 250 mil para a campanha do candidato do PL.
O deputado André Figueiredo, presidente nacional do partido, posou ao lado de petistas e escreveu em seu perfil no Instagram: “Vamos juntos com Evandro prefeito”.
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Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza pelo PDT, participou de uma das carreatas de Fernandes e escreveu nas redes sociais: “No próximo domingo, é 22".
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Prisco Bezerra (PDT) ao lado do ex-prefeito Roberto Cláudio. Ele doou R$ 250 mil para a campanha de André Fernandes.
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Embora o PDT faça parte da base do governo Lula (PT), no Ceará a história é diferente, já que o estado é o reduto eleitoral do partido. No próximo ano, por exemplo, quando o novo prefeito assumir, seja Fernandes ou Leitão, será a primeira vez em quinze anos que o PDT fica de fora do executivo municipal em Fortaleza. Sarto é o primeiro prefeito do município que não conseguiu se reeleger.
Diante deste cenário, uma das maiores lideranças da sigla, Ciro Gomes, que embarcou nos últimos minutos na candidatura de José Sarto, ainda não declarou apoio formal a nenhum dos dois candidatos,
assim como fez em 2018 e 2022 no pleito para presidente entre o
PT, de Lula, e o PL, de Bolsonaro. O ex-governador do Ceará divulgou um texto de 2003, escrito por
Leonel Brizola, com críticas ao presidente. Nas redes sociais, Ciro publicou que “a história está aí para quem tiver bom senso e quiser examinar o que estamos vivendo hoje”. A postagem foi feita no dia 14 de outubro, oito dias após a derrota de Sarto no primeiro turno.
Segundo o grupo O Globo, dentro do PDT há discussão sobre uma eventual formação de federação do partido com o PSB, de Cid Gomes. Se a parceria acontecer, Ciro Gomes poderia se desfiliar do partido. Porém, conforme a apuração feita pela Itatiaia, a saída dele ainda não é um tópico de discussão. Fontes de dentro da sigla minimizaram a situação dizendo que a
“rixa”, entre os irmãos Ferreira Gomes, Cid e Ciro, “já é antiga” e, por enquanto, ainda não afeta a permanência do ex-governador.
Cid ingressou na campanha petista no segundo turno em Fortaleza. Durante uma entrevista coletiva com prefeitos e membros do PSB, ao lado de Leitão, na última quarta-feira (23), o irmão de Ciro disse que parte do PDT está apoiando Fernandes apenas para permanecer na prefeitura e chamou o candidato do PL de “oportunista”.
Tensão entre os irmãos Ferreira Gomes cresceu em 2022
Em 2022, quando disputava a presidência, Ciro preferiu apoiar a candidatura de Roberto Cláudio ao governo do Ceará, enquanto Cid apoiou o nome de Izolda Cela para a reeleição. A falta de consenso entre os irmãos provocou o rompimento da aliança entre o PT e o PDT no estado.
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Além de Cid, Ciro também rompeu com o irmão Ivo Gomes, atual prefeito de Sobral, após a dupla sinalizar apoio ao PT durante as eleições em 2022. Em entrevista ao Antagonista, Ciro chegou a dizer que “a traição é a cara do momento no Ceará".
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No início deste ano, Cid Gomes e Izolda Cela deixaram o PDT após racha do partido e migraram para o PSB.
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Ainda em 2024, Ciro disse, em entrevista para UOL, que não tem vontade de ver Cid e afirmou que “deu vida política” ao irmão.
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Procurado pela reportagem, o ex-senador Flávio Torres, presidente estadual do PDT no Ceará, preferiu não se manifestar sobre o assunto e disse que: “quem está neutro não tem o que dizer” e afirmou que ira esperar que “o povo decide”. Ele informou que está em um sítio fora de Fortaleza e, portanto, não está “sabendo de nada”.
A Itatiaia foi atrás também de André Figueiredo, presidente nacional do partido, que ainda não respondeu.
Ciro e Cid Gomes também foram procurados, mas não enviaram resposta.
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