As pesquisas eleitorais são determinantes para que as equipes de um candidato possam traçar estratégias de campanha, ou até mesmo para mudar o voto de um eleitor indeciso durante o período eleitoral.
São diversas as pesquisas divulgadas ao longo das eleições e, por conta disso, é comum cientistas políticos e jornalistas utilizarem a expressão “retrato do momento” para se referir a um resultado de intenções de votos.
O Professor e Cientista Político, Mario Schettino Valente, explicou como funcionam as pesquisas eleitorais e o que a expressão quer dizer; entenda.
Pesquisa Eleitoral
O que é a pesquisa eleitoral?
A pesquisa eleitoral é uma ferramenta estatística, utilizada para medir a intenção de voto da população em um determinado período. O objetivo da pesquisa eleitoral é transformar em dados a opinião dos eleitores, bem como perceber as mudanças das intenções de voto ao longo do tempo.
Como é feita uma pesquisa eleitoral?
Mario Schettino explica que a pesquisa eleitoral, assim como outras entrevistas, é feita com um número pequeno de pessoas e que este número de entrevistados varia com o grau de precisão da pesquisa. Normalmente, ele gira em torno de 1500 pessoas a depender da pesquisa.
Segundo o Professor, quanto mais precisa a pesquisa, mais pessoas serão entrevistadas. “A partir desse número pequeno a gente consegue calcular para todas as pessoas – em termos técnicos, nós vamos chamar isso de amostra”, explicou.
Margem de erro
Schettino menciona que há um nível de confiança, que são, de forma simplista, as ‘margens de erro’. Quanto menor a margem de erro, há um nível de confiança maior e precisão no resultado da pesquisa.
“Tudo depende o quanto a gente está disposto de tolerar aqueles pontos a mais ou a menos – o nível de confiança. Quanto mais precisa é a pesquisa, mais pessoas devem ser entrevistadas. Por exemplo, quando a pesquisa aponta 25% para um candidato, significa que 25% é o centro do que foi identificado dentro de um intervalo de tempo e de uma amostra. Com 95% de precisão, entende-se que há 2.5% para cima e para baixo da margem de erro”, explica.
Número de Candidatos
Segundo o professor, o número de candidatos também implica na precisão dos resultados. “Quanto mais candidatos mais imprecisa é a pesquisa”, afirma.
“Quanto maior o número de candidatos e quanto menor o número de votos que ele tem, maior a margem de erro, o que fica mais difícil a precisão. Para Belo Horizonte, por exemplo, a gente tem uma dificuldade, pois muitos candidatos estão com menos de 10 pontos. Isso significa que basicamente todos os candidatos ali estão, potencialmente, empatados”, ele explica.
Contudo, o Professor frisa que, mesmo com as dificuldades de precisão, os grandes institutos de pesquisa conseguem apresentar, de uma forma confiável, o retrato do momento e de ler a movimentação dos eleitores ao longo da corrida eleitoral.
Retrato do Momento
“Fotografia”
“Para ter certeza do resultado de uma votação, só se a gente entrevistasse todo mundo, e ainda sim só valeria para aquele momento, porque somos humanos e podemos mudar de opinião”, brinca Mário Schettino como forma de explicar que o que as pesquisas fazem é como uma fotografia, uma vez que elas retratam um momento exato das movimentações do eleitorado ao longo da corrida eleitoral.
O que significa eleitores indecisos?
Os eleitores indecisos são aqueles que não sabem seu candidato ou devem votar branco/nulo. O número desse grupo de eleitores é sempre alto nas pesquisas eleitorais e, segundo o professor, isso ocorre principalmente no início das eleições. Um ponto crucial é que, ao longo da campanha, muitos indecisos podem oscilar para qualquer direção.
“Nem sempre é considerado o número de indecisos em uma pesquisa, e hoje em dia, com as redes sociais, pode ser que haja uma grande mobilização ao longo da campanha eleitoral para esse grupo”.
A pesquisa eleitoral não prevê, ela analisa movimentos passados
De forma geral, tanto os eleitores que já possuem candidato, quanto os indecisos, podem variar até o dia do pleito. Ainda que houvesse uma pesquisa que abrangesse toda a população, isso não significaria uma exatidão do resultado.
“A pesquisa não retrata movimentos futuros, ela retrata movimentos passados, e é capaz de identificar que algum grupo demográfico esteja movendo em alguma direção”, explicou o professor. É desse modo que a expressão “Retrato do momento” é utilizada, pois as pesquisas eleitorais podem, naquele momento, e através de um cálculo, analisar e identificar as intenções da população.
Assim, estudiosos, especialistas e cientistas, podem criar uma projeção futura, mas que se baseia somente no momento de realização da pesquisa. Mario exemplifica: “É como quando a gente enfileira várias fotografias e conseguimos ver algum movimento ali, mas cada página está, na verdade, estática”.
“O que vai ditar o movimento futuro é uma expectativa de que esse movimento do passado vai continuar no futuro, isso é mais baseado na experiência e capacidade de analisar, mas não é uma ciência exata”, concluiu o Professor.