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Brasil concentra mais de 68% dos incêndios na América do Sul nas últimas 24h

Em São Felix do Xingu (PA), cidade com mais focos de incêndio no período, prefeitura decretou emergência; Mato Grosso foi o estado mais queimado nesta semana

Brigadistas do Instituto Brasília Ambiental e Bombeiros do Distrito Federal combatem incêndio em área de cerrado próxima ao aeroporto de Brasília

Nas últimas 24 horas, o Brasil foi responsável por mais de 68% dos focos de incêndio registrados na América do Sul, conforme dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Nesse período, o país contabilizou 3.820 queimadas, muito à frente de outros países como Peru (760), Bolívia (551) e Argentina (282), que também atravessam o período de estiagem.

Entre os estados brasileiros, a situação escalou para o patamar mais crítico no estado do Pará, que liderou o ranking de queimadas com 740 registros entre sexta-feira (13) e este sábado (14).

É no estado paraense que está a cidade com o maior foco de queimadas do Brasil nos últimos dias: São Félix do Xingu, localizada a 1.050 quilômetros de Belém. Foram 146 focos de incêndio em apenas um dia.

Nesta semana, a prefeitura do município decretou emergência e fez um apelo para que os produtores rurais da região não utilizassem fogo para abrir pastagens ou limpar terrenos. O governo paraense informou que está concentrando esforços na região.

Mato Grosso em chamas

Embora tenha sido ultrapassado pelo Pará nas últimas horas, o Mato Grosso é o estado brasileiro que apresenta o pior cenário de queimadas ao longo da última semana.

Desde o último domingo (08), o estado concentra quase 24% de todas as queimadas no Brasil, com 5.773 focos de incêndio.

A situação no estado é de calamidade, especialmente nas áreas de terras indígenas, onde o fogo tem se alastrado com rapidez e de forma descontrolada.

Segundo relatos da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Estado, pelo menos 38 terras indígenas já registraram focos de incêndio neste período de seca.

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Na última quarta-feira (11), a Defensoria Pública da União encaminhou um ofício ao Governo Federal cobrando o empenho de pessoal e a elaboração de planos para conter as queimadas na região. O prazo de resposta é de 10 dias.

Esforços são suficientes?

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, esteve em São Paulo na última sexta-feira (13), onde participou de uma reunião com o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Em pauta, as ministras e o governador discutiram formas de melhorar a articulação no trabalho conjunto do Estado e Governo Federal no combate aos incêndios.

Após o encontro, a ministra Marina Silva afirmou que o país enfrenta uma situação de emergência inédita devido à estiagem prolongada e também apontou a ação humana como um fator decisivo para o aumento das queimadas.

“Uma coisa é fundamental: estamos vivendo um evento climático extremo, e as pessoas não podem continuar ateando fogo. O crime ambiental de natureza climática não pode continuar ocorrendo, porque as pessoas não podem atear fogo e dizer depois: ‘Vem apagar o fogo que eu ateei’”, disse.

Perguntada sobre as ações do governo federal nesse assunto, a ministra disse que o trabalho tem sido feito “com toda intensidade”, mas reconheceu que o esforço ainda está aquém do necessário.

“Toda essa movimentação está sendo feita para que possamos dar à população a certeza de que todos os esforços estão sendo envidados. Eles são suficientes? Não são ainda suficientes, mas o esforço é para que possamos alcançar o máximo que pudermos de reversão desse processo”, afirmou.


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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio