O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, na noite desta quinta-feira (16), da abertura do 16º Congresso Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O evento reuniu lideranças políticas, representantes de movimentos sociais e 33 delegações estrangeiras de partidos comunistas, movimentos de libertação e organizações progressistas.
Entre os presentes estavam a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira; o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz; o deputado Renildo Calheiros; a deputada Talíria Petrone; o prefeito do Recife, João Campos; o Ministro de Estado da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Sidônio Palmeira e o dirigente do MST, João Paulo Rodrigues.
Em um discurso de tom político, Lula defendeu que os setores progressistas precisam fazer uma “autocrítica profunda” diante do crescimento da extrema direita em todo o mundo. O presidente questionou por que figuras “politicamente grotescas”, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, chegaram ao poder, e afirmou que é necessário repensar estratégias e comportamentos.
“Por que a extrema direita cresceu tanto no mundo e os setores progressistas diminuíram? Nós precisamos parar para discutir isso. Muitas vezes a gente joga a culpa nos outros e não pensa se a gente errou, o que deixou de fazer”, afirmou Lula. O presidente também criticou a forma como a direita se consolidou nas redes digitais, enquanto a esquerda demorou a compreender o impacto desse espaço no debate público.
“A direita tomou conta da rede digital, e nós levamos muito tempo para descobrir isso. Eu nem chamo de rede social, porque de social ela tem muito pouco”, disse.
Ao lado da presidenta do PCdoB, Luciana Santos, Lula lembrou a trajetória histórica de parceria entre o PT e o partido comunista e destacou a importância de construir um projeto político que dialogue com quem ainda não está convencido.
“Nosso desafio não é agradar a nós mesmos, é convencer os outros a virem com a gente. O comportamento tem que ser exemplar, porque muitas vezes é o nosso dia a dia que convida as pessoas a estarem do nosso lado”, defendeu. O evento marca o início de quatro dias de debates sobre os rumos do partido e do campo progressista. Representações de todos os estados brasileiros participam do congresso, que envolveu mais de 43 mil militantes no processo de discussão e deliberação política.
Ao encerrar o discurso, Lula afirmou que “a democracia foi derrotada” ao deixar de garantir igualdade, comida na mesa e direitos sociais, mas reafirmou que ainda acredita na capacidade dos movimentos populares de reconstruir o país.
“Não tem democracia sem liberdade, sem universidade, sem salário, sem comida na mesa. A democracia foi derrotada porque deixou de cumprir a razão da sua existência”, concluiu o presidente.
A presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, também discursou, defendendo a unidade da esquerda e a valorização do diálogo democrático.
“Temos uma bancada pequena em número, mas grande nas ideias. Prezamos pela convivência democrática com nossos aliados e com nossos adversários, principalmente nesta cultura de ódio e violência. A palavra de ordem do nosso partido é isolar a extrema direita. A unidade é a bandeira da esperança. O que nos move é a bandeira do socialismo. Estamos sob o ataque de um país que se acha dono do mundo, mas nós somos madeira de lei que cupim não rói”, afirmou.
Já o presidente nacional do PT, Edinho Silva, ressaltou a aliança histórica entre os dois partidos e a importância de reconstruir um projeto popular para o Brasil.
“PCdoB e PT têm uma aliança histórica, uma aliança de construção de um projeto de Brasil que hoje temos a oportunidade de reviver com a volta do presidente Lula, após derrotar uma ultradireita fascista. Que possamos debater a universalização da educação integral e retomar projetos que foram interrompidos no governo anterior”, declarou.