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Caso Leandro Lo: ‘Ninguém pode ser punido antes do julgamento’, diz defesa de PM

Liminar proferida pelo desembargador Ricardo Dip determinou que o tenente seja reintegrado à corporação até que o julgamento seja concluído

Henrique Otavio Oliveira Velozo é acusado de matar o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo

A defesa do policial militar, Henrique Otavio Oliveira Velozo, acusado de matar o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, afirmou que a decisão liminar da justiça de São Paulo alterou o cenário de “punição antecipada” no caso. Uma liminar proferida pelo desembargador Ricardo Dip determinou que o tenente seja reintegrado à corporação até que o julgamento seja concluído e volte a receber o salário de R$ 14.600.

Após a liminar, o advogado Claudio Dalledone ressaltou que o tenente Velozo volta a ter reconhecida sua condição funcional e continua sob custódia do Presídio Militar Romão Gomes. “Desde o início, alertamos que a demissão representava uma punição antecipada e sem respaldo jurídico. Ninguém pode ser punido antes do julgamento”, destacou.

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“Ele será absolvido e regressará às fileiras da Polícia Militar do Estado de São Paulo”, complementa a defesa.

A liminar do magistrado suspendeu a eficácia do decreto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que exonerou Velozo dos quadros da PM.

A decisão liminar do desembargador suspende integralmente o decreto do governador Tarcísio de Freitas. O governador seguiu uma recomendação do Tribunal de Justiça Militar e demitiu o tenente da PM.

Em um trecho da liminar em que a Itatiaia teve acesso, o magistrado afirma que é “razoável” que aguarde a conclusão do processo que seja tomada qualquer decisão sobre o futuro profissional do militar.

“Admitida embora a independência das instâncias penal, cível e administrativa, mostra-se razoável que se aguarde o trânsito em julgado do acórdão proferido pelo Conselho de Justificação para, então, admitir-se a aplicação da penalidade de demissão e suspensão dos vencimentos do impetrante”.

Na sequência, o desembargador determina que seja restabelecido o pagamento do salário do militar.

“Defiro a liminar para restabelecer o pagamento de seus vencimentos e suspender a eficácia do decreto que determinou a aplicação da penalidade de demissão até o trânsito em julgado do acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça Militar”, diz trecho da decisão.

O que aconteceu no dia do crime, segundo testemunhas

O lutador Leandro Lo foi assassinado, em agosto de 2022, com um tiro na cabeça durante um show no Clube Sírio, na zona sul de São Paulo.

A defesa de Leandro Lo relatou, com base no depoimento de testemunhas, que a discussão começou quando o PM, durante o evento, foi em direção à mesa em que o lutador e outros amigos estavam e começou a mexer nas bebidas.

O campeão mundial não teria gostado e, como reação, aplicou um golpe de jiu-jítsu para imobilizar o suspeito. “Nesse momento, o rapaz levantou, deu a volta e deu um tiro na cabeça do Leandro”, diz a defesa da vítima. O policial ainda teria chutado a vítima duas vezes quando ela estava no chão.

Ainda de acordo com a defesa, o fato de ser um policial militar teria viabilizado a sua entrada no show com a arma. O caso foi registrado como tentativa de homicídio e está sendo investigado pelo 16º Distrito Policial (DP) da capital.

Leandro Lo era um atleta multicampeão

Oito vezes campeão mundial de jiu-jítsu, o paulistano Leandro Lo é tratado como um dos principais nomes da modalidade. No currículo, o atleta também acumula títulos de Copa do Mundo, Campeonato Brasileiro e pan-americano.

O último campeonato conquistado foi em junho. Nas redes sociais, o lutador descreveu a conquista como uma das mais importantes da carreira e afirmou que vencê-la foi tão marcante quanto a primeira vez em que foi campeão, em 2012, há 10 anos.

Correspondente da Rádio Itatiaia em São Paulo. Ingressou na emissora em 2023. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. Na Band, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na Band News FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do Band News TV. Em 2023, foi reconhecido como um dos 30 jornalistas mais premiados do Brasil.