O assessor da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Cícero Marcelino de Souza Santos, admitiu nesta quinta-feira (16) à CPMI do INSS ter ficado com parte dos valores repassados pela entidade, que somam cerca de R$ 300 milhões. Durante o depoimento, ele classificou os valores retidos como “um troco” e alegou que apenas intermediava pagamentos solicitados pela confederação.
Relator vê indícios de lavagem de dinheiro
O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que Cícero atuava como “um duto de passagem da lavagem de dinheiro” e apontou que os verdadeiros articuladores do esquema ainda estariam protegidos. Segundo Gaspar, empresas ligadas ao assessor foram usadas para mascarar a origem dos recursos, e relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) indicam que 98% das transferências tinham origem fraudulenta.
O parlamentar destacou a contradição entre o patrimônio modesto de Cícero, que declarou renda anual inferior a R$ 15 mil em 2022, e os valores milionários movimentados por suas empresas. “É um cidadão comum, mas que movimentou cifras milionárias sem justificativa econômica”, disse Gaspar.
Operação “Sem Desconto”
As investigações fazem parte da
Gaspar também relacionou o depoimento de Cícero a denúncias reveladas na semana anterior, que indicam o uso de assinaturas de mortos e menores de idade em fichas de adesão vinculadas à confederação. Para o relator, o assessor tenta “assumir sozinho uma responsabilidade coletiva”.
Defesa tenta afastar suspeitas
Cícero negou ter se beneficiado pessoalmente do esquema. Disse que o dinheiro “apenas passava” por suas empresas e que sua renda mensal era de cerca de R$ 30 mil. Alegou ainda que as transferências seguiam planilhas de pagamento enviadas pela Conafer e que, em alguns casos, usou contas pessoais por limitações bancárias.
O relator afirmou que, por ora, não pedirá a prisão imediata do assessor, justificando que não pretende transformá-lo em um “boi de piranha”. No entanto, alertou que poderá solicitar a detenção caso surjam indícios de que Cícero tenta ocultar os reais responsáveis pelo esquema.