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Presidente do STF diz que ‘não há chance’ de acontecer no Brasil controvérsia eleitoral da Venezuela

País vizinho tem tido a eleição presidencial contestada após vitória de Nicolás Maduro

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, acredita que não há chance de acontecer no Brasil o que vem acontecendo na Venezuela, país que tem tido a eleição presidencial do último domingo (28) contestada por diversos países e organizações internacionais.

“O Supremo atuou intensamente contra a volta do voto impresso, que sempre foi caminho de fraude no Brasil. Não tem nenhuma chance do que está acontecendo hoje na Venezuela ocorrer no Brasil ou algum tipo de denúncia como a que Donald Trump fez na eleição (dos Estados Unidos) em que perdeu. Aqui a votação é eletrônica e o código fonte é aberto um ano antes”, disse Barroso em evento na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (30).

A controvérsia sobre a eleição presidencial na Venezuela gira em torno da vitória de Nicolás Maduro para um terceiro mandato. Pesquisas de opinião pré-eleição apontavam que ele estava em grande desvantagem. O resultado contrariou a expectativa, com Maduro na liderança com 51% dos votos.

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Caracas e outras cidades da Venezuela foram tomadas por protestos desde a promulgação do resultado. Confira abaixo tudo o que se sabe sobre a eleição na Venezuela e o que falta saber sobre o futuro de Nicolás Maduro:

Quem venceu a eleição? Maduro ou Gonzalez?

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, Nicolás Maduro foi reeleito presidente com 51,2% dos votos, com 80% das cédulas já apuradas. No entanto, a oposição questiona o resultado e afirma que Edmundo González obteve 70% dos votos. O resultado foi anunciado horas após o fechamento das urnas pelo CNE, órgão eleitoral comandado pelo ditador. A entidade, no entanto, não apresentou o detalhamento dos votos nem as atas dos colégios eleitorais, o que gerou dúvidas sobre a legalidade do pleito.

Quem reconheceu a vitória de Maduro?

Países com alinhamento mais à esquerda do espectro político reconheceram a vitória de Maduro, como a Rússia (de Vladimir Putin), a China (de Xi Jinping) e Cuba (de Miguel Díaz-Canel Bermúdez). Por coincidência, essas três nações não são plenamente democráticas. Irã, Honduras, Bolívia e Nicarágua também reconheceram o resultado das eleições venezuelanas.

Quem não reconheceu a vitória de Maduro?

Os principais países do mundo, como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália, questionaram o resultado na Venezuela, assim como a União Europeia. Argentina, Uruguai, Chile e outros vizinhos latino-americanos também contestaram a reeleição de Maduro e, por isso, tiveram seu corpo diplomático expulso da Venezuela.

O Brasil apenas elogiou o caráter pacífico da votação, sem citar o polêmico resultado, mas o Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Lula, reconheceu a vitória de Maduro e classificou a eleição na Venezuela como uma ‘jornada pacífica’.

Como os venezuelanos reagiram ao resultado?

A maior parte da população venezuelana recebeu com indignação o resultado da eleição. Desde segunda-feira (29), Caracas e outras grandes cidades do país foram tomadas por protestos. Aos gritos de ‘vai cair, e vai cair, este governo vai cair’, os venezuelanos ocuparam ruas e avenidas e demonstraram sua contrariedade. Cartazes de Maduro e Chávez foram queimados e estátuas do ex-presidente venezuelano foram derrubadas e destruídas.

O que vai acontecer agora na Venezuela?

Enquanto Maduro se prepara para assumir um novo mandato e usar os órgãos oficiais em seu poder para reprimir violentamente os manifestantes, os países e entidades mundiais discutem soluções para a questão venezuelana. A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou nesta terça (30) que as eleições presidenciais de domingo (28) sofreram ‘a manipulação mais aberrante’. Segundo o documento, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela se mostrou tendencioso em relação ao governo.

A terça (30) é marcada por novos protestos em Caracas e outras cidades da Venezuela. Enquanto isso, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou a detenção de 749 pessoas durante as manifestações e classificou os presos como ‘criminosos’.

(com informações de Célio Ribeiro)


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É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.