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‘Precisamos desse projeto para ontem’, diz Zema sobre renegociação da dívida

Governador elogiou projeto do senador Rodrigo Pacheco, mas pede que STF adie, pela 3ª vez, prazo para pagamento de parcelas da dívida com a União

Zema pediu novo adiamento no prazo para retomada do pagamento da dívida com a União

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem pressa para que o Congresso Nacional aprove, em dois turnos, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancione o projeto de lei que refinancia as dívidas dos Estados com a União. Hoje, Minas Gerais tem um passivo de R$ 160 bilhões com o governo federal e, desde o fim de 2018 — quando a dívida estava na casa dos R$ 100 bilhões — deixou de pagar as parcelas do débito, ancorado em inúmeras decisões liminares dadas por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Precisamos desse projeto para ontem”, afirmou Zema à reportagem da Itatiaia nesta terça-feira (9). A pressa se justifica. Em abril, o ministro Kassio Nunes Marques deu mais 90 dias para que o Estado de Minas Gerais volte a pagar as parcelas. O prazo vence no dia 20 de julho e, no pior dos cenários, a gestão Zema poderia ter que arcar, de uma vez, com R$ 6 bilhões, além de prestações mensais que podem chegar a R$ 800 milhões, nas contas do governador.

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“Nós não temos esse recurso. E, mesmo você não tendo, a União tem condição de vir, judicialmente, e sequestrar todos os recursos que caiam nos cofres do Estado, como já aconteceu no passado”, projeta Zema.

O governador, por meio da Advocacia-Geral do Estado (AGE), entrou com uma petição junto ao gabinete de Nunes Marques pedindo, mais uma vez, um adiamento no prazo para a retomada do pagamento da dívida. Zema esperou o início da tramitação do projeto no Congresso para tentar convencer o STF que uma solução para o assunto está em andamento. Este é o terceiro pedido de adiamento do prazo desde dezembro do ano passado.

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Zema disse ter recebido como “boa notícia” o início da tramitação do projeto no Congresso e colocou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) como protagonista. O governador apontou como pontos positivos, a federalização de empresas e cessão de outros ativos ao governo federal como forma de abater o estoque da dívida de R$ 160 bilhões. E também comemorou a redução na taxa de juros, que fazem a dívida subir de forma exponencial.

“Em resumo, nós podemos sair de uma dívida que hoje custa IPCA [sigla para Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que mede a inflação oficial] mais 4% para uma dívida que venha a custar IPCA mais 1%. Essa diferença de 3% ao ano é muito expressiva quando se trata de uma dívida de R$ 160 bilhões. São R$ 4,8 bilhões que deixariam de sangrar aqui dos cofres de Minas Gerais”, contabiliza.


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Júlio Vieira é repórter da Itatiaia.
Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.