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Mineradoras apelam ao STF e citam 60 municípios em processo que quer impedir ações no exterior

Ibram ingressou com ação no Supremo e quer que municípios sejam proibidos de procurar justiça em outros países por danos ocorridos no Brasil

Atingidos cobram justiça em meio a julgamento contra BHO Billiton, uma das controladoras da Samarco, responsável por rompimento em 2015

Em uma ação protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF), o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) quer impedir que prefeituras mineiras ingressem em ações no exterior pedindo reparação por danos provocados pelas mineradoras. O Ibram citou 60 prefeituras no processo, que está sob relatoria do ministro Flávio Dino, entre eles Mariana e Brumadinho — que sofreram com rompimentos de barragens em 2015 e 2019.

Em petição de 54 páginas apresentada por meio de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), o Instituto pede que a Corte conceda liminar “urgente” para impedir a judicialização em Tribunais de outros países. O Ibram cita processos movidos por municípios atingidos pelos desastres provocados pelas mineradoras em Cortes do Reino Unido, Estados Unidos, Países Baixos e Alemanha e alega que a prática é inconstitucional.

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"É indiscutível que cidadãos e entidades privadas têm certa liberdade para eleger o foro a que desejam submeter seus litígios – se a situação não se enquadrar em hipótese regida por regra de competência absoluta. Contudo, a situação é distinta quando se trata de Municípios brasileiros. Quanto a estes, incidem limitações de status constitucional, que os impedem de litigar perante jurisdições estrangeiras”, diz o Ibram na petição inicial encaminhada ao STF.

A ação data do dia 11 de junho e o ministro Cristiano Zanin já se declarou impedido de julgar o assunto já que atuou, como advogado, em ações vinculadas ao caso. De lá para cá, uma série de entidades municipalistas, como a Confederação Nacional do Município (CNM), a Associação Mineira de Municípios (AMM) e o Consórcio Público para Defesa e Revitalização do Rio Doce (Coridoce) — que reúne municípios afetados pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana — pediram para participar do processo.

Em manifestação encaminhada ao STF, o Coridoce diz que o Ibram não tem legitimidade para propor a ação. “Não existe leitura possível que torne o IBRAM uma espécie de ombudsman da República”, diz.


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Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.