Ouvindo...

Fiemg critica generalização após operação da PF contra esquema na mineração

A entidade reforçou a importância da investigação, mas defendeu que não pode haver “demonização” da mineração legal

Flávio Roscoe, presidente da Fiemg.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) afirmou, em nota publicada nesta quinta-feira (18), que não pode haver “generalização” ou “demonização” da mineração legal, após os desdobramentos da Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última quarta-feira (17).

No comunicado, a entidade reafirma a importância do trabalho investigativo, mas destaca que a atividade mineradora “tem papel estruturante” para o estado e para o Brasil, sendo responsável pela “geração de milhares de empregos diretos e indiretos”.

A ação cumpriu 22 ordens de prisão temporária e 79 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte e em outras cidades mineiras. Além disso, a Justiça Federal determinou o sequestro e bloqueio de bens avaliados em R$ 1,5 bilhão.

Leia também

O principal alvo da operação é Alan do Cavalcante do Nascimento, apontado como líder da organização criminosa. Ele seria responsável por decisões estratégicas, movimentações financeiras e articulações com servidores públicos envolvidos no esquema.

O grupo, segundo as investigações, movimentava valores bilionários por meio de empresas de fachada, pagamento de propina a servidores e concessão irregular de licenças ambientais.

De acordo com a PF, o esquema também contava com a participação de servidores estratégicos para o serviço público, incluindo:

  • Rodrigo Gonçalves Franco, presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), acusado de conceder licenças fraudulentas, manipular pareceres técnicos e cobrar propina;
  • Leandro César Ferreira de Carvalho, ex-gerente regional da Agência Nacional de Mineração (ANM) em Minas. Mesmo afastado do cargo, a polícia acredita que ele continuava fornecendo informações privilegiadas e antecipando decisões em benefício da organização criminosa.

A Fiemg, em nota, defendeu o direito à ampla defesa dos citados na investigação e a responsabilização apenas mediante a apresentação de provas consistentes, que respeitem o devido processo legal.

A entidade também defendeu a derrubada dos vetos do presidente Lula (PT) à Lei Geral do Licenciamento Ambiental. O texto, aprovado em julho pelo Congresso sob críticas de ambientalistas, foi sancionado parcialmente pelo Executivo, com mais de 60 vetos. “Com regras claras e modernas, será possível assegurar que projetos minerários e industriais se desenvolvam de forma responsável, com rígido controle ambiental e social, ao mesmo tempo em que contribuem para o crescimento econômico sustentável”, diz a Fiemg.

Jornalista pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.