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Simões defende federalização da Codemig e cita ‘sentimento de traição’ após articulação do governo Lula

Vice-governador Mateus Simões afirmou que aguarda uma definição do governo federal sobre a proposta de federalização de estatais mineiras em troca da redução da dívida do estado com a União

Simões afirmou que governo de Minas aguarda uma definição do governo federal sobre proposta para reduzir dívida com a União

O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), afirmou que o governo estadual se sentiu traído pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por causa da demora na definição de uma proposta de acordo para a dívida de Minas com a União.

Em entrevista à Itatiaia, Simões citou a promessa feita pelo presidente Lula de que o governo petista teria uma solução para a dívida do estado e afirmou que, passados cinco meses, as negociações não avançaram.

“O principal problema na discussão da dívida é que a promessa feita pelo presidente Lula, de que acataria a proposta do presidente Pacheco, não se transformou em realidade na conversa que o ministro Haddad teve conosco. O presidente Lula foi na televisão e disse que garantia uma solução para o problema da dívida de Minas. E a solução para o problema da dívida de Minas é um abate na dívida em troca de ativos. A gente entrega empresas, entrega imóveis, e reduz o valor da dívida. A redução do juro ajuda, sim, queremos a redução do juro. Mas essa não é a solução que foi discutida em dezembro”, avaliou Simões.

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“Então, nos sentimos traídos por Brasília, porque estávamos prontos para votar o regime de recuperação na Assembleia de Minas, um tema difícil e complexo, a Assembleia estava mobilizada. Paramos tudo porque o governo federal prometeu uma solução. Passados cinco meses, estamos parados praticamente no mesmo lugar, sem que uma proposta venha para a mesa”, continuou o vice-governador.

Segundo ele, a expectativa é que o tema avance até o mês de julho, quando o Congresso Nacional entra em recesso e quando uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que suspende o pagamento da dívida perde sua validade.

Simões disse confiar nas últimas conversas com Haddad e Pacheco sobre a votação acontecer rapidamente, mas alertou para o risco de o estado de Minas Gerais voltar ficar inviabilizado financeiramente caso tenha que voltar a pagar parcelas da dívida.

“Fiquei confiante nas conversas com Haddad e o presidente do Senado Pacheco de que tenhamos perspectivas de que essa votação aconteça antes do recesso parlamentar do meio do ano. Se ela não acontecer, isso coloca Minas em uma situação muito difícil. Nós hoje não pagamos porque tem uma liminar do STF que vence em menos de 60 dias. Então, precisamos que o governo federal seja ágil. Curiosamente, o governo federal falou ao STF que não precisaria de muito tempo. Eu quero acreditar que o governo federal não quer que Minas fique inviabilizada financeiramente”, afirmou Simões.

Federalização da Codemig

O vice-governador defendeu a federalização da Codemig, uma das propostas que chegou a ser discutida no final do ano passado, como forma de abater o valor total da dívida de Minas com a União.

Simões afirmou que o valor da empresa foi estimado em R$ 60 bilhões e relembrou falas de deputados petistas apontando o valor da Codemig.

“Já tivemos conversas com a União sobre a forma de fazer a valuation (avaliação de preço) da Codemig. Nós temos um valor que nos aponta valores na casa de R$ 60 bilhões, mas o governo federal quer fazer um valuation próprio. O que é absolutamente razoável. Nós queremos acompanhar esse valuation para que o valor não seja depreciado. Lembrando que a própria base do governo federal em Minas, o PT, diz que o ativo vale de R$ 60 bilhões, então tô na expectativa que o ministro Haddad não vai tentar depreciar o ativo que os próprios deputados dele lá em Minas defendem que vale 60 bilhões”, diz Mateus Simões.

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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.