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Vereadores de BH rejeitam mudar nome de avenida que homenageia general que participou do Golpe de 64

Projeto queria homenagear o ex-vereador da capital mineira, Antônio Pinheiro, pai do jornalista Chico Pinheiro

Por três votos a um vereadores que integram a Comissão de Legislação e Justiça (CLJ) da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) rejeitaram um projeto de lei que alterava o nome da avenida General Olímpio Mourão Filho, no bairro Itapoã, região da Pampulha, para Vereador Antônio Pinheiro. Com isso, a proposta, que dispensa apreciação do conjunto de vereadores em plenário,

O projeto de lei é de autoria do vereador Pedro Patrus (PT) e tem como base uma legislação sancionada pelo prefeito Fuad Noman (PSD), em junho do ano passado, e que proíbe homenagens a figuras e datas da ditadura militar em espaços públicos da cidade. O general de Exército Olímpio Mourão Filho comandou, no dia 31 de março de 1964, as tropas da 4ª Região Militar, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, em direção ao Rio de Janeiro para depor o então presidente da República, João Goulart. O golpe militar, que completou 60 anos em 2024, foi concretizado no dia seguinte.

Veja mais: Vereador propõe mudar nomes de duas avenidas de BH que fazem menção à ditadura militar

Os vereadores Jorge Santos (Republicanos) e Fernanda Pereira Altoé (Novo) votaram pelo parecer de Irlan Melo (Republicanos), que pedia a rejeição à proposta. Sérgio Fernando (MDB), votou pela aprovação da proposta.

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Melo alega que a mudança no nome da avenida, cuja extensão é de cerca de 850 metros, prejudicaria a vida dos moradores e comerciantes da região e que eles não foram consultados sobre a alteração.

“Precisamos considerar o impacto desse tipo de mudança na sociedade. Você imagina que uma avenida amplamente reconhecida, ponto de referência na região, acarreta várias consequências na vida das pessoas”, citando que elas precisariam solicitar a alteração de endereço nas concessionárias de serviço público, como a Copasa e a Cemig.

Altoé, por sua vez, diz que não é possível simplesmente apagar a memória da ditadura militar e que é preciso “repensar para não repetir”. A vereadora do Novo opinou, ainda, que, hoje, o Brasil vive não mais uma ditadura militar, mas uma ditadura do Judiciário.

“Hoje, ao invés de termos uma ditadura militar temos uma ditadura de toga. Como vamos lidar com isso? Estamos repetindo erros do passado”, opinou.

No mês passado, o prefeito sancionou um outro projeto de lei aprovado pela Câmara de Vereadores, que substitui o nome da rua Luiz Soares da Rocha, no bairro Luxemburgo, na região Centro-Sul, por Elias Antônio Jorge.

Soares da Rocha foi um delegado da Polícia Civil de Minas Gerais e teve o nome incluído no relatório final da Comissão Nacional da Verdade após ter sido apontado por pelo menos cinco presos políticos como autor do assassinato do ex-sargento da Aeronáutica, João Lucas Alves, em 1969. Já Elias Antônio Jorge foi sindicalista e professor universitário.


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Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.
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