A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) oficializou nesta quinta-feira (11) a mudança no nome da rua Luiz Soares da Rocha, no bairro Luxemburgo, região Centro-Sul da cidade. Agora, a rua se chamará Elias Antônio Jorge.
Luiz Soares da Rocha foi deputado estadual duirante a década de 1950, além de delegado de Polícia Civil em Minas Gerais. Seu nome ganhou projeção, no entanto, em 2013, durante o governo Dilma Rousseff (PT). Rocha teve o nome citado e incluído no relatório final da Comissão Nacional da Verdade, criada para apurar, esclarecer e apontar a autoria de violações aos direitos humanos ocorridos no Brasil entre 1946 e 1988.
De acordo com as investigações, Luiz Soares da Rocha foi citado, por pelo menos cinco presos políticos, como autor do assassinato do ex-sargento da Aeronáutica João Lucas Alves, em 1969, na capital mineira. A informação consta no livro “Brasil: Nunca Mais”.
A morte dele começou a ser investigada na década seguinte, sob acompanhamento da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que ouviu policiais mlitares, servidores públicos e a mãe de João Lucas, Odília Pimenta Alves.
A versão dada pela polícia para a morte do militante foi de que ele cometeu suicídio por enforcamento. No entanto, a versão foi contestada pela mãe dele. A Comissão Nacional da Verdade analisou os documentos e peritos que analisaram a documentação do caso tiveram entendimento diferente, alegando que, na verdade, o ex-militar foi morto por sufocamento, pois o corpo apresentava lesões nos olhos, pés, ombros e glúteos, além de ausência de unhas dos dedos.
"(...) o estrangulamento não foi realizado diretamente com as mãos do agressor, visto que não havia no pescoço qualquer evidência nesse sentido, mas sim por meio de um instrumento constritor, possivelmente a calça que, segundo o LEC [laudo de exame cadavérico], envolvia o pescoço da vítima quando da realização da necropsia”, diz trecho do relatório final.
Para a Comissão Nacional da Verdade, ficou provado que Luiz Soares da Rocha, à época no posto de chefe da Polícia Civil teve envolvimento com a morte.
Nome novo, debate antigo
A mudança se deu após um debate que durou mais uma década na Câmara Municipal de Belo Horizonte. O Projeto de Lei 636, proposto pelo vereador Tarcísio Caixeta, então no PT, previa a alteração do nome da rua para Apolônio de Carvalho. A proposta gerou reações, sobretudo de associações de delegados da Polícia Civil, o que motivou a realização de audiências públicas no Legislativo municipal.
Ao longo dos anos, movimentos ligados aos direitos humanos chegaram a alterar, simbolicamente, o nome da rua de Luiz Soares da Rocha para João Lucas Alves, como forma de homenagear o ex-sargento da Aeronáutica. O projeto mais recente, e que foi aprovado pela Câmara Municipal sobre o assunto, é de autoria do vereador Bruno Pedralva (PT).
Professor Elias Antônio Jorge dará nome a rua no bairro Luxemburgo
Nesta quinta-feira (11), a publicação da Lei 11.683/2024 no Diário Oficial do Município, assinada pelo prefeito Fuad Noman (PSD) pôs fim à celeuma. A partir de agora, a rua se chamará Elias Antônio Jorge, em homenagem ao professor aposentado do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Formado em matemática, ex-professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e doutor em Educação pela USP, Elias Antônio Jorge teve a história de vida marcada pela dedicação acadêmica e na luta em defesa dos direitos dos professores. Ele foi presidente do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (Apubh) entre o final da década de 80 e começo da década de 90.