Após a posse do deputado estadual Tadeu Martins Leite (MDB) como presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em fevereiro de 2023, a relação entre o governo Zema e o Parlamento mineiro se transformou. No primeiro mandato, o governador Romeu Zema (Novo) vivia em atritos com o então chefe do Legislativo estadual, Agostinho Patrus (PSD), e chegou a acusar o deputado de sabotar os projetos de desenvolvimento do Estado.
Patrus deixou o cargo máximo da ALMG também neste ano, quando os colegas o elegeram para uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG).
Na primeira eleição de Zema, Patrus apoiou a candidatura do político do Novo ao governo de Minas Gerais durante o 2º turno, na disputa contra o ex-governador Antônio Anastasia. No entanto, a relação ficou abalada ao longo do mandato e, na reeleição de Zema, Patrus chegou a ser cogitado como vice na chapa do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), na disputa pelo Palácio Tiradentes. A vaga acabou ficando com um integrante do PT, o deputado estadual André Quintão (PT), que compôs a chapa com Kalil.
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Apesar disso, Zema chegou a afirmar que o então presidente da Assembleia estava prejudicando o andamento dos projetos do governo no Legislativo mineiro. O ponto máximo da crise entre os chefes de Poder em Minas Gerais se deu por conta do Regime de Recuperação Fiscal. O projeto foi enviado pelo governador em janeiro de 2019 e nunca foi pautado por Patrus. Com um “bloqueio institucional”,
Com o fim do mandato de Patrus e sua ida ao TCE-MG, a cadeira mais importante do Legislativo mineiro passou a ser ocupada pelo deputado Tadeu Martins Leite (MDB), que está no seu quarto mandato. Nos corredores e gabinetes da Assembleia, Leite, que foi eleito pela primeira vez como deputado aos 24 anos, é elogiado por parlamentares da base e da oposição por ser um ouvinte atento e um pacificador de conflitos.
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‘Construir pontes’
No seu primeiro ano como presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o deputado Tadeu Martins Leite pôs fim na relação de conflito aberto entre o Legislativo e o Executivo. Em entrevista exclusiva à Itatiaia, Leite afirmou que assumiu o cargo para “construir pontes, e não muros”. Mas ressaltou que a relação entre os poderes pode melhorar.
“Minha relação com o governador é boa, republicana, de muito diálogo. Quem me conhece, sabe que eu gosto de dialogar em excesso, para construir pontes e não muros. Divisões, eu acho que são muito ruins. Sobre a questão do primeiro mandato, eu não tenho dúvida que o governo do Estado que foi reeleito agora, em sua primeira gestão, também com muita inexperiência trouxe muitas dificuldades para esse relacionamento. Melhorou muito esse relacionamento, mas ainda tem muito o que avançar, o que melhorar. O importante é que eu não tenho nenhuma dificuldade em sentar com o governador, como já fiz por diversas vezes, para construir os grandes temas do estado de Minas Gerais”, avalia.
Entre os motivos apontados para a melhora da relação, Leite avaliou que a
“Eu acho que foi uma sinalização, demonstrando que o Governo do Estado entendeu que o relacionamento - resguardando as independências com o Parlamento - é fundamental em uma democracia. Quando eles escolheram o deputado e, hoje, secretário, Gustavo Valadares, que é conhecedor e amigo da Casa, dos deputados, ele também tenta demonstrar que tentou colocar um deputado que conhece o dia a dia da Casa. Não é só isso que resolve os problemas, nós precisamos continuar com a nossa fiscalização aqui dentro, junto às secretarias, do serviço público, da política pública. Mas não tenho dúvida que essa pode ter sido uma sinalização do governo querer mais aproximação do Parlamento”, reconhece.
Em dezembro, uma espécie de força-tarefa, formada por parlamentares da base e da oposição, foi montada para resolver a questão da
Rodrigo Pacheco e Tadeu Martins discutiram alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal
O
“Essa da dívida pública é um exemplo claro. Com diálogo, responsabilidade e independência. É dessa forma que eu tento levar não só com o governador, mas com o Ministério Público, com o Tribunal de Contas e com os deputados aqui da Casa. Eu sempre falo que temos aqui 77 deputados, de todas as regiões do estado, que muitas vezes pensam diferentes mas somos obrigados a sentar na mesma mesa para construir uma pauta de consenso. Quero fazer uma referência que, nos grandes temas de Minas Gerais, todos os deputados estão ao lado de construir uma solução. A dívida pública é um grande exemplo disso: onde a Casa, onde construímos um caminho, todos os deputados, da base, da oposição, de esquerda ou direita, estavam juntos querendo construir esse novo caminho”, afirma.
Em entrevista à Itatiaia, nesta quinta-feira (21), o governador Romeu Zema agradeceu o empenho do presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite, nas discussões sobre o assunto.
“Eu queria agradecer o Presidente da Assembleia, Tadeuzinho, que contribuiu muito, foi um grande articulador junto com o meu governo”, ressaltou o governador. Zema ressaltou que Leite e Pacheco colocaram em cima da mesa um problema que o governo queria resolver há cinco anos.