O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu não discursar, mas, cobrou atuação responsável da Procuradoria-Geral da República (PGR) durante a cerimônia de posse do novo procurador-geral Paulo Gonet, nesta segunda-feira (18). Frente a frente com Rodrigo Janot e Raquel Dodge, que chefiavam a PGR à época da operação Lava-Jato, o petista criticou a atuação do Ministério Público durante a investigação da Polícia Federal (PF) que resultou em sua prisão por 580 dias e pediu que, com Gonet, a ‘verdade prevaleça sobre os interesses’.
“Eu estou um pouco emocionado de voltar a essa casa, certamente vocês sabem o porquê”, começou Lula. “Queria lhe pedir uma coisa, o Ministério Público é uma instituição tão grande que nenhum procurador tem o direito de brincar com ele”, acrescentou. “Um procurador não pode se submeter a manchete de nenhum jornal, a manchete de nenhum canal de televisão. A única coisa que peço a você [Gonet] é que só tenha uma preocupação: fazer com que a verdade, e somente a verdade, prevaleça acima de qualquer outro interesse”, completou.
Prosseguindo com a declaração repleta de indiretas dirigidas aos procuradores que antecederam Paulo Gonet e aplaudido em diferentes momentos da fala, Lula pediu que as denúncias da PGR não cheguem às páginas dos jornais antes de serem comprovadas. “As acusações levianas não fortalecem a democracia, não fortalecem as instituições. Muitas vezes se destrói uma pessoa antes de dar chance a ela de se defender, e quando é provada a inocência, essas pessoas não são reconhecidas publicamente”, disse. “Que nenhuma denúncia seja publicizada antes de saber se é verdade”, afirmou.
Cerimônia de posse de Paulo Gonet reúne ex-PGRs e membros dos três poderes
Sabatinado e aprovado pelo Senado Federal há cinco dias, Paulo Gonet Branco assumiu a Procuradoria-Geral da República (PGR) em cerimônia repleta de autoridades dos três poderes. Na primeira fileira, de frente para o palco do auditório Juscelino Kubitschek, no prédio do órgão, se sentou o quarteto que o antecedeu no cargo: Augusto Aras, cujo mandato se encerrou em setembro sem recondução, Raquel Dodge, Roberto Gurgel e Rodrigo Janot.
Em rápida declaração à plateia, ocupada por, pelo menos, três senadores, quatro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e três ministros do governo Lula (PT), Gonet defendeu uma atuação discreta à frente da PGR. “Não buscamos palco, nem holofotes. Havemos de ser fiéis ao que nos delega o constituinte, inabaláveis diante a ataques dos interesses e ter a audácia de sermos bons, justos e corretos”, afirmou.
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, representou o presidente da Corte, Luis Roberto Barroso, que não compareceu à posse. Fachin não foi o único ministro do Supremo, também foram à cerimônia Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Dias Toffoli e o decano Gilmar Mendes. Pelo alto escalão da Esplanada dos Ministérios, estiveram o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ainda ministro da Justiça, Flávio Dino, e o chefe da secretaria-geral da Presidência, Márcio Macêdo. Os senadores Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), Jaques Wagner (PT-BA) e Marcos do Val (Podemos-ES) e os deputados Bia Kicis (PL-DF) e Antônio Brito (PSD-BA) igualmente participaram da posse.
Outras figuras também se destacaram, entre elas o ex-ministro Ricardo Lewandowski, cotado para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública com a iminente saída de Flávio Dino, que assumirá cadeira no STF em fevereiro. Além dos comandantes das Forças Armadas, almirante Marcos Olsen e o general Tomás Paiva, e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
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