Um ato simbólico partindo do plenário do Senado Federal rumo à Praça dos Três Poderes marcou o encerramento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro que, nesta quarta-feira (18),
Carregando uma cópia da Constituição Federal de 1988 e de braços dados com aliados, a senadora Eliziane caminhou pelos corredores internos do Senado Federal até a saída do Congresso, de onde atravessou em direção à Praça dos Três Poderes. “Viemos para cá, para a praça que, infelizmente, no dia 8 de janeiro reuniu uma concentração de vândalos, de terroristas, que tentaram destruir a democracia. Hoje, nós, parlamentares, mulheres e homens, estamos presentes para mostrar ao Brasil e ao mundo que, de fato, a democracia venceu”, disse. A senadora seguiu até o local de braços dados com aliados, entre eles o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) e a senadora Soraya Thronicke.
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Aliás, durante o ato, a ex-presidenciável acabou atingida por um celular enquanto caminhava no Salão Azul do Senado Federal. O aparelho pertencia a um assessor do deputado Carlos Jordy (PL-RJ) que interviu na passeata com palavras de ordem contrárias ao relatório de Eliziane Gama; o funcionário acusou os parlamentares de serem apoiadores do grupo terrorista Hamas e gritou o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) repetidas vezes. Em certo momento, o celular é derrubado com uma tapa e atinge a cabeça da senadora. Após a confusão, Soraya Thronicke reportou à imprensa que protocolaria um boletim de ocorrência sobre o episódio.
Um dos principais articuladores da ala governista na CPMI dos atos antidemocráticos, o deputado federal Rogério Correia declarou que nunca houve dúvidas sobre a responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro nos crimes praticados por vândalos no 8 de Janeiro. “Nós escapamos por um triz, estava tudo planejado pelos setores bolsonaristas para que abolissem a democracia no Brasil”, começou. “Nós nunca escondemos. Quando iniciamos nossa participação na CPMI, eu disse que nosso objetivo seria demonstrar algo que o Brasil já sabia: o presidente Bolsonaro era o principal incentivador do golpe”, prosseguiu. “Faltava provar que ele organizou, que ele colocou dedo a dedo as pessoas que ele queria a seu redor para provocar o golpe”, concluiu.
Aclamado pela base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o relatório da senadora Eliziane Gama sofreu críticas da oposição desde que veio a público. No transcorrer das mais 13 horas da sessão que começou na terça-feira, sendo encerrada apenas nesta quarta-feira, parlamentares oposicionistas atacaram o conteúdo do documento e taxaram a relatora como ‘parcial’, classificando o parecer como fraude.
Aliás, na contramão do relatório oficial, a oposição construiu um voto em separado assinado por 16 integrantes da oposição. O documento não possui validade no âmbito da investigação, mas sugeria os indiciamentos de seis pessoas, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino (PSB-MA).
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O voto em separado ainda pedia que fossem responsabilizados o general Gonçalves Dias, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à ocasião do 8 de Janeiro. Também foram sugeridos os indiciamentos de: Saulo Moura da Cunha, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Klepter Rosa Gonçalves, comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF); Paulo José Ferreira de Souza Bezerra, ex-interino do Departamento Operacional da PMDF.
Ameaças. A relatora Eliziane Gama (PSD-MA) informou, ainda durante a sessão, que irá solicitar ao presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), segurança pessoal para protegê-la e resguardar a família nas próximas semanas. A senadora afirmou que sofreu graves ameaças de morte desde essa terça-feira (17), quando o relatório foi apresentado à CPMI. “Essas ameaças vêm de pessoas que não têm nenhum senso de humanidade. Subestimar pode ser colocar em risco a minha vida e a vida da minha família”, disse.