A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos marcou para a próxima terça-feira (26) o depoimento do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Jair Bolsonaro (PL). A convocação do militar é fruto de nove requerimentos apresentados por 13 parlamentares que participam das investigações sobre os atos golpistas do último 8 de janeiro, ocasião em que vândalos invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. A ida do aliado de Jair Bolsonaro à comissão é um desejo, aliás, da relatora Eliziane Gama (PSD-MA), autora de um dos requerimentos.
O propósito da senadora é ouvir o general sobre a ação orquestrada da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em municípios do Nordeste no segundo turno das eleições, os ataques de vândalos em Brasília e a ameaça de explosão de um caminhão nas imediações do aeroporto da capital em dezembro do ano passado. Eliziane descreveu ainda no requerimento que gostaria de ouvir Augusto Heleno sobre as invasões de apoiadores de Bolsonaro sete dias após a posse presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Sobre os outros oito requerimentos apresentados solicitando a ida do general à CPMI, cinco são oriundos de partidos ligados à base do governo petista e outros dois de parlamentares do PSDB, do MDB e do Novo. Um desses foi protocolado por Eduardo Girão (Novo-CE). No documento, o senador indica que Augusto Heleno poderá auxiliar a comissão a compreender qual é o papel do GSI na segurança do Palácio do Planalto — nas entrelinhas, se houve culpa do general Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional de Lula. O requerimento protocolado pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e pelo deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) mantém o raciocínio.
CPI dos Atos Antidemocráticos. A ida à CPMI do 8 de Janeiro não será a primeira vez que o general Augusto Heleno deporá sobre os atos golpistas praticados por vândalos na ocasião. Em junho, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro esteve na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos instalada na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Na oitiva, o militar negou ter participado dos supostos planos golpistas atribuídos ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Se eu tivesse sido articulador, eu diria aqui. Eu acho que o tratamento que estão dando a essa palavra ‘golpe’ não é um tratamento adequado”, afirmou na data.