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Diagnosticado com Parkinson, Suplicy lidera manifesto pelo marco regulatório da cannabis no Brasil

Deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) participou de audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta terça-feira (19)

Eduardo Suplicy

Sorridente e de braços dados com Talíria Petrone (Psol-RJ), Eduardo Suplicy (PT-SP) chegou ao gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nesta terça-feira (19) à tarde para entregar um manifesto para a Casa pautar a discussão do Projeto de Lei (PL) 399/2015, que cria um marco regulatório da cannabis no Brasil. Com diagnóstico recém-revelado de Parkinson, Suplicy, hoje deputado estadual por São Paulo, participou de audiência pública na Câmara sobre a regulamentação do cultivo da planta com fins medicinais e terapêuticos e admitiu o uso da cannabis para aliviar os sintomas da doença.

Amparado pela deputada federal Talíria Petrone à esquerda e pela ativista Cidinha Carvalho à direita, Suplicy caminhou pelos corredores da Câmara até o gabinete de Lira e conversou sobre a importância dos cuidados médicos com a cannabis para frear o avanço da doença, citando ainda a história de Clárian Carvalho, 19 — filha de Cidinha. “Até os nove anos e nove meses, a Cacá sofreu mais de 600 crises [convulsões], e a partir dos dez anos, quando começou a usar a cannabis medicinal, começou a andar, a falar, a conversar, a ter uma vivência mais significativa”, citou.

À frente da Cultive Associação de Cannabis e Saúde, Cidinha Carvalho obteve na Justiça autorização para cultivar cannabis e transformá-la em óleo para os cuidados médicos com a filha diagnosticada com Síndrome de Dravet. “Fui à casa da Cidinha, em São Paulo, vi como ela cultiva a cannabis e como ela usa para cuidar da filha, de quem me tornei muito amigo. Sempre que encontro a Cacá, ela está sorridente e feliz”, disse Suplicy antes de cruzar a entrada da sala.

Audiência pública. Na audiência da qual participou nesta terça-feira pela manhã, Eduardo Suplicy detalhou o diagnóstico de Parkinson, obtido no ano passado, após perceber um tremor nas mãos e em uma das pernas. Diante dos colegas parlamentares e de ativistas da causa, Suplicy disse que começou o uso terapêutico da cannabis em fevereiro e indicou ser acompanhando pela neurologista Luana Oliveira, médica do Núcleo de Cannabis do Hospital Sírio Libanês.

O que é o PL 399/2015? Apresentado à Câmara dos Deputados e protocolado em fevereiro de 2015 pelo então parlamentar Fábio Mitidieri (PSD-SE) — hoje governador de Sergipe, o Projeto de Lei (PL) 399/2015 propõe alterar o artigo 2º da Lei de Drogas (Lei nº 11.343 de 23 de agosto de 2006) para permitir a venda de medicamentos à base de cannabis sativa ou de outras substâncias canabinoides no Brasil. A proposta prevê que os compradores desses remédios precisariam de prescrição médica para adquiri-los e determina que a comercialização só seria permitida nos casos em que houvesse eficácia terapêutica atestada.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.