O ministro Fernando Haddad (PT) indicou nesta segunda-feira (28) que Brasil e Argentina chegaram a um acordo para o financiamento do comércio entre os países a partir de uma linha de crédito do Banco do Brasil. O valor inicialmente calculado era de US$ 140 milhões; entretanto, o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) decidiu apoiar o acerto entre Brasil e Argentina e o valor do financiamento das exportações poderá chegar a US$ 600 milhões. A proposta inicial era um meio de garantir as exportações brasileiras no país usando o yuan chinês; isto porque os argentinos sofrem com a falta de dólares no país. Mas, com a entrada do banco no negócio, a Argentina não precisaria entregar ao Brasil suas reservas em yuan.
O acordo é fechado em meio à forte crise econômica que assola a Argentina. Para acertar os detalhes, o ministro da Economia do país e candidato à presidência, Sergio Massa, se reuniu com Haddad ao longo da tarde e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta noite de segunda-feira. Antes da vinda ao Brasil, o acordo proposto pelo ministro da Fazenda brasileiro previa que, para garantir as exportações, a Argentina pagaria o Brasil com suas reservas em yuan chinês ao invés de usar o dólar nas transações diante da escassez da moeda norte-americana no país. Os valores seriam, então, convertidos pelo Banco do Brasil e os exportadores brasileiros receberiam os pagamentos em real.
Entretanto, na reunião ocorrida no Ministério da Fazenda, o presidente do CAF indicou o desejo da instituição bancária de intermediar as negociações entre Brasil e Argentina, como esclareceu Haddad. “A equipe da Fazenda estruturou uma operação inicial de US$ 140 milhões. De sexta-feira [28] para cá, o CAF decidiu realizar um aporte. Assim, o Banco do Brasil garantirá as exportações pelas empresas brasileiras, e o CAF entrará com uma contra-garantia para o Banco do Brasil”, afirmou. Ainda segundo Haddad, dois setores serão principalmente beneficiados com a mudança: o automotivo e o de alimentos.
“A nossa oferta de garantir as exportações aceitando os pagamentos e yuan chinês continua de pé. Mas, para a Argentina, a melhor operação é com o aporte do CAF. Para nós, o conforto é o mesmo nas duas situações”, disse à imprensa.
Segundo adiantou Massa, em declaração no Palácio do Planalto, a diretoria do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe se reunirá na próximo 14 de setembro para decidir se o aporte será autorizado ou não. A expectativa é que a aprovação ocorra sem empecilhos, já que a proposta da contra-garantia ao Banco do Brasil veio do próprio CAF.