O Ministério da Defesa solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o acesso aos nomes dos militares que supostamente se reuniram com o hacker Walter Delgatti Neto no prédio durante o período eleitoral do ano passado sob ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro José Múcio inicialmente pediu que a Polícia Federal (PF) fornecesse a informação, mas, o delegado-geral Andrei Rodrigues alegou que a investigação corre em sigilo.
“Na sexta-feira [18 de agosto] mandamos um ofício [para a Polícia Federal] após as declarações de Delgatti na CPI. Eles nos responderam ontem dizendo que não poderiam fornecer a informação porque [a investigação] corre em segredo de justiça”, afirmou. “Imediatamente, mandamos o pedido ao ministro Alexandre de Moraes e estamos aguardando”, acrescentou.
Múcio esteve reunido com o ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta quarta-feira (23) e em seguida foi ao prédio da Polícia Federal, em Brasília, para encontro com Rodrigues. O inquérito da PF que gira em torno do hacker Delgatti cita militares que supostamente o receberam em visita secreta ao Ministério da Defesa para conversa sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro. A investigação gera mal-estar entre membros das Forças Armadas e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
À imprensa, Flávio Dino negou que a polêmica pautou o encontro desta quarta-feira. Em relação à ida à PF, Múcio afirmou que o intuito inicial da visita a Andrei Rodrigues era convidá-lo para um evento no Exército, mas disse que a suposta ida de Delgatti ao Ministério da Defesa foi também discutida na conversa.
“Fizemos [uma varredura]. Não existem imagens nas câmeras, porque existe um prazo de duração. Não existe nenhum registro e por isso estamos insistindo... Por isso viemos à Polícia Federal para que nos dessem um nome [de algum militar que tenha estado com o hacker]”, disse. “Não temos ainda. Também não quero transformar todas as pessoas do Ministério da Defesa em suspeitos. Cria um clima desagradável de trabalho. Mas desde que tenhamos um primeiro nome, faremos as investigações”, completou.
Ida de Delgatti à Defesa. Em depoimento à CPMI dos atos antidemocráticos na semana passada, o