Enquanto, em Brasília, lideranças do partido Republicanos se dividem entre os querem aderir ao governo Lula - e, com isso, ganhar presença em ministérios - e os que preferem se distanciar do petista, em Belo Horizonte, a preocupação da legenda é com o início das articulações para pré-candidatos para as eleições municipais do ano que vem.
No momento, há três possibilidades no horizonte: o senador Carlos Viana, o deputado estadual Mauro Tramonte e o vereador Gabriel Azevedo. Os nomes foram citados pelo deputado federal Euclydes Pettersen, que assumiu, recentemente, o comando do diretório estadual do Republicanos.
“O Gabriel Azevedo estava com uma conversa já adiantada com o Gilberto Abramo, que é o ex-presidente do partido, e nós vamos continuar conversando. Estamos avaliando e buscando um candidato que tenha viabilidade política e de gestão. Se Deus quiser, o projeto concluir de administrar a capital junto com outros partidos, fazer uma composição para pegar o melhor nome, que tenha chances de ganhar as eleições e fazer uma boa gestão. Não só o Gabriel, mas temos outros nomes no nosso partido, como o Mauro Tramonte, e estamos conversando também com o [senador] Carlos Viana”, afirmou o parlamentar.
O deputado estadual Mauro Tramonte já é filiado ao Republicanos. Viana, citado pelo presidente Euclydes Pettersen, está atualmente no Podemos. Já o presidente da Câmara da capital mineira, Gabriel Azevedo, está sem partido. Tramonte e Gabriel compareceram à posse de Pettersen na semana passada.
“Sim, tenho um convite para me filiar ao Republicanos, como tenho outros convites de outros partidos. E é bom, nesse momento, estar recebendo tantos convites. Eu sou um republicano, Belo Horizonte é uma cidade que nasceu em uma República e tem princípios republicanos”
Questionado se já é candidato a prefeito de Belo Horizonte e que estaria apenas aguardando a definição por uma legenda, o vereador desconversou.
“Tudo a seu tempo. Estou cuidando da presidência da Câmara Municipal, temos muito trabalho e, mais importante que nomes, são as ideias para a nossa cidade, que precisa se agilizar. Precisamos cuidar da nossa mobilidade, da habitação, do desenvolvimento e BH vai contar comigo onde eu estiver”, completou.
Carlos Viana não compareceu à posse, mas destacou à reportagem que está feliz com o interesse do Republicanos em seu nome para a disputa à Prefeitura de BH. No entanto, o senador descartou, por ora, deixar o Podemos.
“Estamos muito longe das eleições ainda, o momento agora é de conversar, ouvir e colocar na mesa os interesses, começar a pensar o que seria o melhor grupo, na formação de vários apoios. E fiquei feliz com o aceno do Republicanos de estar na legenda. Nesse momento, estou muito bem no Podemos, a Executiva nacional já me deu muita tranquilidade sobre a minha escolha e o que eu decidir, se concorreremos à prefeitura ou não, o partido me dá muito apoio. Não há, por agora, nenhuma perspectiva de troca”
A Itatiaia também ouviu o deputado estadual Mauro Tramonte, que comentou sobre o fato do nome dele também estar sendo cogitado nesta disputa.
“Ele falou na tribuna que o Republicanos teria a intenção de lançar alguém como pré-candidato. Eu não tive nenhuma conversa com a direção do partido nesse sentido. O que eu quero é que nossa capital seja muito bem administrada. É uma cidade que eu gosto muito, que me acolheu. Temos muitos nomes importantes a serem analisados. No meu caso, eu tenho que analisar muito com os profissionais que estão ao meu lado, com a minha família. Não é fácil chegar e falar: eu vou ser candidato e ponto final. Por enquanto, não conversamos sobre isso no partido”, afirmou. .
O presidente estadual do Republicanos evitou falar em um nome preferido na disputa pela cadeira do executivo municipal. “Carlos Viana se destaca nas pesquisas, é um senador e estamos conversando para trazê-lo ao partido, compor nosso grupo e até mesmo ser o candidato a prefeito de BH. No momento, não temos um preferido, mas estamos buscando”, garantiu.
A posse de Pettersen contou com a presença de políticos de diferentes partidos como o Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB) e o vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional, o deputado federal, Reginaldo Lopes (PT).
Conversa em BH, briga em Brasília
Nas últimas semanas, aumentou a especulação em torno de partidos do chamado Centrão entrarem, oficialmente, na base de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - e, em troca, assumirem o comando de ministérios e estatais.
Além do Republicanos, do Pastor Marcos Pereira, o PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira, também tem conversas com o Executivo, e estariam em jogo a titularidade de ministérios como o do Desenvolvimento Social, o de Portos e Aeroportos e até mesmo a Caixa Econômica Federal. Mas há divergências internas.
No caso do Republicanos, um eventual desembarque no governo federal poderia levar a lideranças como o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, a deixar a legenda. Outro que é taxativo contra a aliança formal é o senador Cleitinho Azevedo - que garante que seguirá na oposição.
No entanto, há nomes do Republicanos que garantem que essa proximidade ao governo não é uma decisão da executiva nacional, e sim, de alguns nomes do partido - como o deputado federal Silvio Costa Filho, de Pernambuco, que tem boa relação com nomes do governo petista.