Aliados do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), comemoram a retomada das votações no plenário da Câmara Municipal da capital mineira após hiato de quase um mês. Desde meados de julho, parte dos vereadores travou a pauta de análises do Legislativo por discordâncias com o Executivo. Nesta quinta-feira (17), um dia após o retorno das votações, o líder de Fuad no Parlamento, Bruno Miranda (PDT), disse crer que o fim da obstrução pode diminuir o nível de “tensionamento” entre os Poderes da cidade.
Na sessão dessa quarta-feira (16), a base governista deu sinais de unidade e conseguiu, por exemplo, angariar votos suficientes para manter
“Foi um dia positivo, de várias votações e aprovações. A Câmara e a prefeitura, neste momento, chegaram a um entendimento para que algumas pautas importantes para a cidade avançassem. A gente espera que o ambiente de tensionamento que havia até então se arrefeça — e a gente consiga votar projetos importantes em setembro”, afirmou Miranda, à Itatiaia.
A citação do mês de setembro não é por acaso. As votações dessa quarta aconteceram de modo extraordinário, uma vez que as reuniões plenárias costumam ocorrer nos dez primeiros dias úteis de cada mês. Assim, se não houver novo encontro em caráter excepcional, novas votações só vão ocorrer em setembro.
Entre março e abril deste ano, Fuad costurou acordo para ampliar sua base aliada na Câmara de BH. Ele atraiu, para o núcleo governista, o grupo de parlamentares ligados ao ex-deputado federal Marcelo Aro (PP), que hoje é secretário de Estado de Casa Civil do governador Romeu Zema (Novo). Em troca, Aro conseguiu a prerrogativa de indicar titulares para secretarias como as de Meio Ambiente e Educação.
Próximo a Aro, aliás, também é o novo secretário municipal de Governo, Castellar Guimarães Neto. Advogado e ex-presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), ele comanda o setor de articulação política da Prefeitura de BH desde a semana passada, em substituição a Josué Valadão, que acumulou desgastes com vereadores.
“Em setembro, teremos importantes projetos para o setor cultural e para a enfermagem. A gente espera, juntamente com o secretário Castellar e com o prefeito Fuad, que esse ambiente se torne cada vez mais profícuo e harmonioso”, vislumbrou Bruno Miranda.
A avaliação de Bruno Miranda é compartilhada por um interlocutor da prefeitura ouvido sob reservas pela reportagem. Na visão dele, o poder Executivo conseguiu sair vencedor da última reunião plenária.
Primeiro sinal
Na semana passada, um dia após Fuad confirmar a troca de Valadão por Castellar, vereadores que travavam a pauta de votações do plenário deram sinais de que podem retomar o diálogo com a prefeitura a reboque da nomeação do novo secretário. Isso porque, a despeito da obstrução, houve a votação de um veto de Fuad ao projeto de lei (PL) que proíbe o uso da linguagem neutra nas escolas belo-horizontinas. A decisão do prefeito acabou revertida.
Houve, inclusive, certo clima de comemoração pela chegada de Castellar. Alguns vereadores utilizaram terno e gravata para sublinhar o contentamento que a mudança causou — o Regimento Interno da Câmara de BH, ao contrário de outras casas legislativas, não impõe o uso de trajes sociais no plenário.