O vereador Miltinho CGE (PDT), que foi à Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) nesta quarta-feira (16) trajando uma camisa da Máfia Azul, torcida organizada do Cruzeiro, admitiu ter escolhido a peça de roupa propositalmente. Isso porque os parlamentares utilizaram a reunião plenária para, sob os olhares atentos de integrantes da Galoucura, torcida organizada do Atlético, aprovar o projeto de lei (PL) que autoriza o funcionamento da Arena MRV, novo estádio alvinegro.
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“Não vou ser hipócrita de não falar que foi de propósito. Toda vez que tem votação, o pessoal da torcida deles me ‘frita’ nos grupos. Me chamam de tudo o que puderem imaginar. Isso, para mim, é indiferente. Nada do que falaram aqui me deixou chateado. Vim para mostrar que estou aqui — e que a torcida do Cruzeiro também tem voz na Casa”, disse Miltinho, ao fim da reunião.
O acrônimo “CGE”, que o pedetista carrega no nome parlamentar, também faz menção ao Cruzeiro. A sigla significa Comando Guerreiro do Eldorado e remete a uma corrente ligada à Máfia Azul. Miltinho, aliás, fez parte do CGE.
“Fiz parte de torcida (organizada) durante 30 anos. Já passei por muita coisa e muita discriminação. Não vou chegar aqui e dizer que são ‘santos’. A gente sabe que coisas (erradas) acontecem. Mas, também, há muita coisa boa, ações sociais, que não são mostradas”, completou.
Miltinho foi um dos cinco parlamentares que votaram contrariamente ao texto que libera a Arena MRV. Além dele, posicionaram-se assim Iza Lourença e Cida Falabella — ambas do Psol —, além de Bruno Pedralva e Pedro Patrus, filiados ao PT. Do outro lado, 33 vereadores foram favoráveis ao projeto de lei a respeito do estádio.
“Lá no início, foi feito um acordo para que se fizesse o estádio e todas as obras viárias e ambientais para tudo caminhar certo. (O voto contrário) não tem nada a ver com torcida. Houve um combinado no começo e, agora, está sendo outra coisa”, protestou o vereador do PDT.
Ex-líder da Galoucura defende projeto
Embora tenha criticado os termos da proposta aprovada, Miltinho CGE chamou de ‘muito justa’ a posição encampada pelo também vereador César Gordin, do Solidariedade. Ex-presidente da Galoucura, Gordin é o autor do projeto que concede alvará de funcionamento à Arena MRV. O texto trata, ainda, ao aval à abertura de outros empreendimentos considerados socialmente relevantes, como hospitais, escolas e conjuntos habitacionais.
Vestindo um agasalho da Galoucura, Gordin comemorou o resultado positivo. "É um dia muito importante para mim. Aprendi desde cedo que ser atleticano é acreditar no impossível e torcer contra o vento”, festejou.