O senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PP-PI), desafiou o deputado federal e pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL-SP), a se “eleger como síndico de um prédio” antes de almejar o comando da capital paulista nas eleições municipais do ano que vem. Em uma declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, Nogueira disse também que o psolista “daria um bolo” na população de São Paulo caso fosse eleito.
“Eu faço um desafio ao Boulos: se ele for eleito síndico do prédio onde ele mora, o que eu acho muito difícil de acontecer, daí a gente começa até a conversar. Mas se ele não é eleito nem síndico do prédio dele, como é que pode delirar em ser síndico de todos os prédios, casas, ruas e avenidas da cidade mais complexa do país?”, afirmou o senador.
O senador, que foi ministro da Casa Civil do governo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), questionou o racha no PT para a escolha do apoio à candidatura de Boulos.
O anúncio do acordo entre PT e PSOL foi formalizado no sábado, 5 em meio a uma divisão no partido, já que uma ala defendia que a sigla do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançasse um candidato próprio, o que não ocorrerá pela primeira vez na história.
“Se o Boulos não consegue ser confiável para a turma dele, como vai ser confiável para o povo de São Paulo? Se não consegue apoio antes da campanha do próprio grupo dele, como iria governar?”, disse o presidente do PP.
A resposta de Boulos
Ao Estadão, o deputado federal Guilherme Boulos disse que o senador deveria se preocupar com as suspeitas de suborno e distribuição de propinas que foi acusado no passado, referindo-se a duas denúncias criminais e três inquéritos que apuram suspeitas de suborno e distribuição de propinas que Nogueira tinha antes de assumir a Casa Civil do governo Bolsonaro em 2021.
“O Ciro Nogueira deveria se preocupar com seus processos de corrupção. E não com São Paulo, que ele sequer conhece”, disse o pré-candidato do PSOL à prefeitura da capital paulista.
Nas últimas eleições para a prefeitura de São Paulo, realizada em 2020, Boulos chegou ao segundo turno da disputa, mas foi derrotado pelo ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), que tinha como vice em sua chapa o atual chefe do Executivo municipal, Ricardo Nunes (MDB).
Naquele pleito, o psolista foi escolhido por 2.168.109 paulistanos, o equivalente a 40,62% dos votos válidos.
PP apoiará Nunes para a prefeitura de São Paulo
Ao Estadão senador reafirmou o seu apoio à reeleição do atual prefeito Ricardo Nunes. Em junho, o presidente do PP já havia formalizado a sua preferência por Nunes, classificando-o como uma “melhor solução” para impedir que Boulos assuma o governo da capital paulista: “Foi companheiro de Bruno Covas, é discreto, trabalhador, equilibrado e já vem fazendo uma grande prefeitura. Ricardo Nunes não vai dar bolo nos paulistanos. Vai fazer e já vem fazendo uma grande gestão.”
Entre os motivos para o apoio à Nunes, está a ambição do PP de ter um maior espaço na política paulista. Em maio, o Estadão revelou que Ciro tenta ampliar o poder do partido em São Paulo, incluindo a inclusão da senadora Tereza Cristina (PP-MS) para presidir um instituto ligado ao partido que será criado no Estado.
A estratégia também inclui a filiação do chefe da Casa Civil de São Paulo, Arthur Lima, que deve acontecer ainda neste mês de agosto. A filiação é considerada estratégica para o PP ter palavra na distribuição de cargos e emendas para prefeitos no Estado.
Neste domingo, o ex-ministro da Casa Civil usou as suas redes sociais para alfinetar o apoio do PT a Boulos, também comparando o deputado federal com um administrador de edifícios. “Do prédio você pode se mudar. Mas uma cidade inteira, com mais de 10 milhões de habitantes, não pode fugir. Por isso, São Paulo saberá escolher muito bem e avançar. Sem Boulos nem roulos”, disse o senador.