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Relator do marco temporal prevê aprovação na Câmara e pede que STF paralise julgamento

Câmara dos Deputados vota projeto que cria marco temporal para demarcação de terras indígenas

Deputado Arthur Oliveira Maia espera por aprovação do marco temporal nesta terça

O relator do projeto de lei do marco temporal das terras indígenas, deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA), afirmou nesta terça-feira (30) que o PL 490 deve ser aprovado no plenário da Câmara dos Deputados. A proposta irá à votação ainda na noite de hoje.

Em entrevista coletiva ao lado de parlamentares da bancada ruralista e da segurança pública, Maia disse esperar que a aprovação do projeto na Câmara faça com que o Supremo Tribunal Federal (STF) paralise o julgamento de uma ação que tem o mesmo objetivo.

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O marco temporal das terras indígenas é uma tese que determina que novas demarcações de território de povos originários só podem ser feitas caso haja comprovação de que os indígenas ocupavam aquela terra até a data da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro.

O STF marcou, em abril, o julgamento de um processo sobre o mesmo assunto para o dia 6 de junho. A Câmara corre para tentar aprovar o projeto - que ainda precisará passar pelo Senado, caso aprovada - antes do início do julgamento.

“E o Supremo? Nós vivemos em um estado democrático de direito em que cada Poder tem sua atribuição. A nossa, no Congresso Nacional, é legislar. E o do Supremo é julgar os conflitos constitucionais. Mas quem faz as leis é o Congresso Nacional”, disse Arthur Maia.

O deputado afirmou, ainda, que espera que uma eventual aprovação do marco temporal na Câmara faça com que o Supremo “reflita” sobre o assunto.

“Tenho absoluta certeza que a sinalização dada hoje pela Câmara dos Deputados fará com que o Supremo reflita e, pelo menos, paralise o julgamento, no sentido de não dar repercussão geral à querela jurídica marcada para o dia 6 de junho. Espero que a gente cumpra nosso papel”, completou.

Marco temporal: julgamento no STF

O Supremo Tribunal Federal julga, desde 2016, um processo relacionado à demarcação de uma terra indígena que servirá como decisão final sobre a questão. O RE 1017365 trata de uma ação do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina contra o povo Xokleng, que ocupava uma área localizada a cerca de 200 km da capital catarinense, Florianópolis.

Há outros 80 processos na Corte sobre assuntos semelhantes e, por isso, o STF definiu o caso como de “repercussão geral”. Em casos como este, o julgamento não se limita ao objeto em si da ação, mas servirá como jurisprudência para todos os demais casos em tramitação no Supremo.

A primeira vez que o STF colocou a ação em pauta foi em setembro de 2021. Naquela ocasião, o ministro Alexandre de Moraes pediu vista e devolveu a ação no mês seguinte.

Em junho de 2022 o tema voltou à pauta no plenário da Corte, para análise dos 11 ministros. No entanto, o próprio presidente do STF à época, Luiz Fux, decidiu retirar a ação da pauta de julgamentos. Com a mudança na presidência do Supremo, a ministra Rosa Weber decidiu retomar a votação.

O placar sobre a questão está em 1 a 1. Até o momento, somente os ministros Edson Fachin e Nunes Marques votaram sobre o assunto. O primeiro, contra o marco temporal e, o segundo, a favor.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.