De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com base em números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20,8% do preço do pão francês é destinado a cobrir as despesas energéticas da produção. Os gastos com energia vão além da fabricação: estão presentes no transporte diário, nas compras no comércio e em praticamente todos os espaços que frequentamos.
Na economia, o custo da energia elétrica é um fator determinante para o funcionamento das operações industriais, interferindo diretamente no valor do produto final que chega ao consumidor. Presente em todos os momentos do cotidiano, o presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Reynaldo Passanezi Filho, reforça a importância da energia.
“A energia faz parte do desenvolvimento humano, é o que mais faz trabalho. Em vez de usarmos apenas as nossas mãos, conseguimos produzir utilizando energia elétrica. De fato, ela é a grande força de transformação do mundo. Tudo o que se produz hoje envolve energia elétrica. E, pensando no futuro, a transição energética significa usar cada vez mais energia. O bonito é que essa energia pode ser renovável. Temos algo que é renovável e capaz de gerar trabalho e desenvolvimento”, aponta Passanezi.
Presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Reynaldo Passanezi Filho
Segundo o IBGE, quase 19% do preço que o consumidor paga em um cafezinho é referente ao custo de energia. A mesma lógica se aplica a outros produtos, como a cerveja, que tem 14,1% do valor final destinado ao gasto energético.
Dessa forma, o valor destinado à energia elétrica durante a produção impacta diretamente no preço final dos produtos. O consultor do mercado de energia, Sérgio Pataca, explica como esses custos se distribuem.
“A energia está embutida em todos os custos dos produtos que consumimos. Um bom exemplo é a cesta básica, na qual aproximadamente 23% do valor é energia. No caso do pãozinho, 30% do preço corresponde ao gasto energético. Se pensarmos nos materiais de construção, como esquadrias e cimento, chega a um quarto do custo total. E o nosso queijinho de todo dia, que todo mineiro gosta, tem 92% de custo em energia. Se tivermos políticas públicas para reduzir esse custo, o queijo vai ficar muito mais barato. Com novas políticas, o impacto será percebido desde a construção de uma casa até o material escolar”, detalha o consultor.
Consultor do mercado de energia, Sérgio Pataca
Peso no bolso dos mineiros
Em Belo Horizonte, moradores reconhecem a importância da energia, mas relatam os impactos das contas de luz no orçamento familiar. Isabel Cristina, de 57 anos, conta que, em uma casa com três moradores, a fatura mensal já ultrapassa os R$ 200. Já Erika Santos de Souza, 38, afirma que o alto preço da energia interfere em diversos aspectos do dia a dia, inclusive no conforto dentro de casa.
“Impacta muito, porque às vezes, quando vem um calorão, a pessoa quer ligar o ar-condicionado ou o ventilador, não por mordomia, mas para conseguir dormir um pouquinho melhor. O custo disso é muito alto”, relata Erika.