A Eletrobras anunciou nesta quarta-feira (15) que vendeu sua participação societária na Eletronuclear, empresa que opera as
Em fato relevante enviado ao mercado, a Eletrobras ressalta que a venda da sua participação na Eletronuclear já era uma possibilidade prevista no termo de conciliação firmado com a União e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7.385. Esse termo faz com que a Âmbar assuma a responsabilidade de pagar as debêntures dos acionistas no valor de R$ 2,4 bilhões.
Segundo a Eletrobras, essas condições permitem a liberação das responsabilidades com a Eletronuclear e melhora o perfil de risco da empresa. “A transação representa um marco importante para a Eletrobras e reforça o compromisso assumido com os seus acionistas e o mercado, de otimização de seu portfólio e alocação de capital, com foco na geração de valor e simplificação de sua estrutura conforme previsto em seu Plano Estratégico”, disse.
Com a operação, a Âmbar passa a deter 68% do capital total da Eletronuclear, e 35,3% do capital votante. Nessa lógica, a União, por meio da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), seguirá como controladora da empresa com 64,7% do capital votante e 32% do capital total.
Para o presidente da Âmbar Energia, Marcelo Zanatta, a compra consolida o “portfólio mais diversificado do setor elétrico brasileiro”. “A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões, características fundamentais em um momento de descarbonização e de crescente demanda por eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e pela digitalização da economia”, disse.
A venda também livra a Eletrobras do risco jurídico envolvendo as obras de Angra 3, paralisada desde 2015. No início de outubro, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou uma resolução que determina a atualização de estudos relativos a modelagem econômico-financeira para a conclusão da usina nuclear, incluindo o detalhamento do custo de abandono do projeto e a avaliação dos impactos para as partes envolvidas.
As usinas nucleares de Angra possuem uma capacidade de 1.990 megawatts (MW), sendo Angra 1 com potência instalada de 640 MW e Angra 2 COM 1.350 MW. O projeto de Angra 3 prevê uma instalação de 1.405 MW. Somadas, as três unidades podem gerar até 3.400 MW, o suficiente para abastecer mais de 10 milhões de pessoas.
Descarbonização da Eletrobras
A operação também faz parte dos planos da Eletrobras em zerar as emissões de carbono do seu portfólio. Na última sexta-feira (10), a empresa vendeu a Usina Termelétrica Santa Cruz, seu último ativo movido a carvão, também para a Âmbar Energia.
Com essa venda, a empresa ressaltou o compromisso de zerar as emissões líquidas em 2030. Em junho de 2024, ela havia vendido 12 usinas a gás natural e um projeto para implantação termoelétrica em Manaus. As 13 unidades, incluindo a UTE Santa Cruz, possuem uma capacidade instalada de 2,1 gigawatts (GW) de energia.
“Os desinvestimentos em usinas térmicas são consequência da estratégia de negócios da Eletrobras e permitem que a companhia gere energia totalmente limpa e renovável, reforçando o seu papel de protagonista na transição energética”, disse a vice-presidente executiva de Governança, Riscos, Compliance e Sustentabilidade da Eletrobras, Camila Gualda.