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Yanomami: TCU quer investigar gastos de R$ 3 bilhões do governo Bolsonaro em saúde indígena

Órgão quer saber onde foram parar os recursos empenhados pela União em meio a emergência sanitária em terra indígena

Organizações prestam atendimento médico a idoso indígena com quadro de desnutrição em terra Yanomami

O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu uma auditoria para investigar como o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou quase R$ 3 bilhões com a saúde indígena entre os anos de 2021 e 2022. De acordo com o presidente do órgão, Bruno Dantas, o Tribunal e a Controladoria-Geral da União (CGU) irão auditar, em conjunto, os valores empenhados pela União. A decisão foi tomada pelo Plenário do TCU nesta quarta-feira (25).

De acordo com Dantas, o governo federal empenhou gastos de mais de R$ 1,5 bilhão para ações de saúde indígena em 2021 e R$ 1,43 bilhão em 2022.

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Em ofício que justifica a proposta, o ministro Bruno Dantas disse que os valores são “bastante expressivos”, mas que é preciso fiscalizar a aplicação dos recursos.

Nos últimos dias, denúncias de episódios de desnutrição entre adultos e crianças que vivem na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, chocaram o país. Nos últimos quatro anos, 570 pessoas morreram no local de causas evitáveis, como fome, desnutrição, diarreia e doenças como a malária. No ano passado, 99 crianças morreram nas mesmas circunstâncias.

PF vai investigar corrupção e genocídio

A pedido do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o crime de genocídio e crimes ambientais na região onde vive o povo Yanomami, em Roraima.

De acordo com o ministro Flávio Dino (PSB) há indícios fortes do cometimento desses crimes, além de corrupção.

“Há denúncias de que recursos públicos federais ao longo dos anos destinados à saúde indígenas não estariam sendo corretamente empregados”, afirmou.

Ofensiva contra garimpo

A Polícia Federal se prepara para realizar uma ação em território indígena Yanomami, em Roraima, para a retirada de garimpeiros ilegais do local. Autoridades que acompanham o drama que envolve a situação de emergência sanitária que atinge a população indígena local ligam o crescimento de atividades garimpeiras com o agravamento da situação dos Yanomami.

“A PF já começou planejamento para cumprimento das decisões judiciais relativas à extrusão das terras indígenas invadidas pelo garimpo ilegal. A realização dessa ação envolve o estado de Roraima, o município de Boa Vista., é bastante complexa do ponto de vista social, mas será feita”, afirmou.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.