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Lula busca aproximação com partido de Moro para sua base aliada no Congresso

Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ter uma aliança com o União Brasil, partido de ex-juiz que o condenou à prisão

Lula e integrantes do PT intensificam conversas com União Brasil, partido de Sergio Moro

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados petistas intensificaram nos últimos dias as conversas para atrair o União Brasil, partido do ex-juiz da Lava Jato e senador eleito Sergio Moro, para sua base aliada no Congresso.

Apesar de não indicar nenhum parlamentar do União Brasil para a equipe de transição do governo Lula, o PT considera que a aproximação com a sigla será fundamental para a construção de uma base aliada no Legislativo. O PSD e o MDB também negociam uma aliança com os petistas.

O ex-juiz da Lava Jato, responsável pela condenação de Lula à prisão em regime fechado, ingressou no União Brasil em março deste ano e se elegeu senador pelo estado do Paraná. O partido surgiu no final do ano passado, após a fusão do PSL com o DEM. Curiosamente, o PSL foi o partido que elegeu Jair Bolsonaro presidente em 2018.

O senador eleito Sergio Moro foi procurado pela reportagem para comentar a possível aliança entre seu partido e o PT, mas não respondeu às mensagens.

Nas últimas semanas, após encontros entre a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, e o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar, ficou acertado que o líder do União na Câmara, deputado Elmar Nascimento, deve ser o relator da PEC da Transição na Câmara dos Deputados. No Senado, Davi Alcolumbre, outro integrante do União Brasil, deve ser escolhido para relatar o texto.

A PEC da Transição é considerada fundamental pela equipe de Lula para que o futuro governo tenha recursos em caixa para pagar programas sociais no próximo ano.

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O deputado Luciano Bivar, no entanto, desconversa sobre a aliança com o PT, mas admite que pode apoiar o governo em determinadas pautas. O parlamentar ressalta ainda que o União Brasil espera receber cargos de destaque no Congresso a partir de 2023.

Perguntado se o União Brasil vai integrar o governo Lula a partir do ano que vem, Bivar afirmou, em entrevista à CNN, que a sigla estará na “canoa da democracia, para reforçar as instituições e garantir uma governabilidade” para que o país reduza as desigualdades sociais.

Nesta quinta-feira (1º), o deputado disse que espera que o partido contribua com o governo eleito, mas ressaltou que será preciso consultar as bancadas do União Brasil. “Essa semana a presidente do PT Gleisi Hoffmann me ligou, continuando outras conversas, eu liguei para Alcolumbre e Elmar Nascimento, para que os dois representantes do União Brasil participassem de um encontro. As conversas estão fluindo muito bem, vamos ter novas rodadas de conversa sobre a participação ou não no governo eleito”, afirmou Bivar.

Bivar afirmou que Moro teve conversas sobre sua pautas prioritárias para seu mandato. “Ele tem uma pauta muito dele, que é a questão da anticorrupção. Qualquer partido que venha dentro da pauta que ele entenda que é legitima, entendo que ele contraria a pauta, quer seja do governo do PT ou não, é um contrassenso à pauta dele, então temos que discutir pauta a pauta”, diz Bivar.

A aliança entre PT e União Brasil, no entanto, poderá enfrentar resistência de vários deputados e senadores da legenda. Além de Sergio Moro, que apoiou Bolsonaro no segundo turno da eleição, o União Brasil tem vários quadros críticos ao PT e ao ex-presidente Lula.

Nomes fortes do União Brasil, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e os deputados Felipe Francischini e Kim Kataguiri mantém um tom crítico aos petistas nas redes sociais. A sigla elegeu também a mulher de Moro, Rosângela Moro, deputada federal por São Paulo.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.