O ex-juiz da Lava Jato e senador eleito pelo Paraná, Sergio Moro (União Brasil), afirmou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria ter uma postura de maior auto restrição ao interferir em temas polêmicos do debate eleitoral.
Moro apontou, em entrevista à CNN nesta quinta-feira (27), que as divergências sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser ou não inocente é um exemplo de excesso da Justiça Eleitoral na tentativa de combater as fake news.
“Depois dessa eleição nós vamos ter que discutir profundamente o papel do Judiciário. Vemos um Judiciário tentando evitar fake news, só que é muito difícil fazer isso às vezes. Existem fatos que são claramente falsos, mas existem fatos que são objeto de discussão”, avaliou Moro.
Lula inocente?
Ele citou o exemplo sobre a condenação de Lula: “A campanha do Lula diz que ele foi inocentado, mas na verdade, não existe nenhuma declaração de nenhum tribunal dizendo que ele é inocente. O que houve foi uma anulação das condenações, a meu ver essa decisão fundada em motivos errados. Mas aqui há um espaço para divergência de opinião, tanto para a campanha do Lula dizer que, já que não tem condenação, ele foi inocentado, enquanto a campanha do Bolsonaro pode dizer que ele nunca foi declarado inocente. Eu, particularmente, concordo com essa segunda afirmação. Mas aqui é um caso de divergência de opinião, não deveria o TSE interferir em um caso assim. Quando interfere em casos cinzentos parece que está censurando o debate”.
O ex-juiz da Lava Jato afirmou que o tribunal deveria se abster de entrar em algumas disputas de narrativas políticas e fez duras críticas ao ex-presidente Lula.
“Tenho defendido, com todo respeito ao TSE, que o órgão tivesse uma postura de maior autorrestrição em relação à interferência do debate público. E vamos convir, a maior fake news dessas eleições é a afirmação que Lula foi inocentado, ele jamais foi declarado inocente. A corrupção que existiu na Lava Jato é real. Mas também não concordo com ataques pessoais, ofensas a ministros, isso não partiu do presidente Bolsonaro, mas tem gente que se excede nas críticas ao tribunal”, afirmou Moro.
Apoio a Bolsonaro
Questionado sobre as críticas que fez ao presidente Jair Bolsonaro ao deixar o ministério da Justiça e da Segurança Pública do governo, em abril de 2020, o ex-juiz afirmou que mantém as críticas. No entanto, considera que a possível volta do PT ao governo representaria um problema mais grave para o país.
“Eu trabalhei por uma terceira via, penso que essa polarização é ruim para o país, infelizmente, qualquer que seja o resultado no domingo, vamos continuar com o país profundamente dividido e com divergências substanciais. Mas, o fato é que no segundo turno temos a possibilidade de fazer uma escolha entre apenas dois candidatos e penso que a escolha pelo Lula é inaceitável. O Lula sofreu uma condenação confirmada em três instâncias, depois outra condenação confirmada em duas instâncias, por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Depois foi beneficiado por uma decisão absolutamente equivocada do Supremo Tribunal Federal. Me preocupo com as consequências de uma possível eleição do Lula, não só pela possível volta desses esquemas de corrupção, já que não há arrependimento em relação a eles, mas o impacto moral que isso tem no país. Como vou chegar na minha casa e falar para meu filho que ele tem que ser honesto, trabalhar duro, que o crime não compensa? Como fica essa mensagem para as pessoas?”, questionou Moro.