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Dia do Escritor: a vocação com as palavras que passa por Juiz de Fora

Poesias, crônicas, livro-reportagem, ficção, terror, infanto-juvenil: entre nascidos e radicados, opções para todos os gostos

Nesta sexta-feira (25) é comemorado o Dia Nacional do Escritor. Em 1960, o então Ministro da Educação e Cultura, Pedro Paulo Penido, para homenagear autoras e autores brasileiros, decidiu que a data do I Festival do Escritor Brasileiro se tornaria uma homenagem nacional.

Inspirada pela data, a Itatiaia elencou alguns nomes de talentos que nasceram ou escolheram viver em Juiz de Fora.

Eles e elas se notabilizaram pelo trato com as palavras em suas mais diferentes possibilidades: da poesia à crônica, passando pelas obras voltadas para o público infanto-juvenil ou para os fãs de terror e suspense, sem deixar de fora os livros-reportagens que se aprofundam em um tema específico.

Murilo Mendes

Murilo Mendes

O nome que abre a lista é o do poeta Murilo Mendes. Nascido em 13 de maio de 1901, “numa casa situada à Rua Direita número 4, hoje Avenida Barão do Rio Branco, no Alto dos Passos, Juiz de Fora”.

Aprendeu a rimar aos 7 anos com o poeta Belmiro Braga. O aluno rebelde e indisciplinado desde cedo teve o interesse despertado para as diversas formas de arte - fugiu da escola em Niterói para ver Nijinksy se apresentar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Murilo Mendes foi um poeta, intelectual, professor, colecionador e crítico de arte, expoente do movimento modernista brasileiro. Aos 19 anos inicia sua atuação literária escrevendo crônicas no diário independente juiz-forano A Tarde sob os pseudônimos MMM (Murilo Monteiro Mendes) e De Medinacelli.

Passou por diferentes profissões, mas palavras eram sua matéria-prima. Conviveu convivia com vários artistas plásticos, escritores e músicos, como Ismael Nery, Graça Aranha, Mário e Oswald de Andrade, André Breton, René Char, Camus, Magritte. Teve retratos desenhados por Guignard, Portinari, Flávio de Carvalho.

Em 1940 conheceu quem se tornaria seu único amor: a poeta Maria da Saudade Cortesão, filha do historiador português Jaime Cortesão exilado pelo governo salazarista. Eles se casaram em 1947. De Juiz de Fora para o mundo: esteve na Europa realizando conferências. Morou em Roma, a trabalho pelo Itamaraty. Morreu em Lisboa em 1975.

Em vida, publicou Poemas: 1925-1929 (1930), História do Brasil (1932); Tempo e eternidade (1935); A poesia em pânico (1937); O visionário. (1941); As metamorfoses. (1944); Mundo enigma (1845); Siciliana” (1959); Italianíssima: 7 murilogrammi (1965); A idade do serrote” (1968). Retratos-relâmpago (1973). Alguns ganharam novas edições e outras obras saíram post-morten.

Seu acervo foi doado pela viúva à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 1977. Em 1982, a Biblioteca Municipal foi batizada em homenagem a ele. Em 1994, surgiu o Centro de Estudos Murilo Mendes, que foi a origem do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), em 20 de dezembro de 2005.

E a Itatiaia perguntou ao Paulo Alvarez, responsável pela Divisão de Expografia do MAMM, por que devemos ler Murilo Mendes e qual seria uma indicação para começar. Ouça a resposta.

Mary e Eliardo França, nascidos em Santos Dumont e radicados em Juiz de Fora

Mary e Eliardo França

Quando se pensa em literatura infantil, a referência é o casal Mary e Eliardo França, nascidos em Santos Dumont, mas que se estabeleceram em Juiz de Fora. A maioria dos mais de 300 livros escritos por Mary França teve as ilustrações e a parceria do marido, Eliardo França. Não é exagero dizer que sucessos como a Coleção Gato e Rato e Os Pingos, entre outros, uma legião de leitores alfabetizados pela literatura do casal.

Em entrevista à Itatiaia em outubro de 2024, menos de um mês antes de morrer aos 76 anos em 8 de novembro, Mary contou que a carreira de escritora surgiu a partir do trabalho de ilustração feito pelo marido. Desde então, foram mais de 10 milhões de exemplares, além de 56 anos de casamento, filhos e netos. E um conselho sobre como incentivar a leitura em um mundo tecnológico. “O grande desafio são os pais. Quem leva livros para os filhos desde cedo, abre um caminho. Quem ama o livro, não joga fora esse amor”.

Ouça a participação de Mary França no quadro Mulheres Incríveis.

Daniela Arbex, jornalista e escritora

Daniela Arbex

Daniela Arbex começou como jornalista investigativa, onde obteve prêmios e reconhecimento. O início da carreira de escritora foi com o best-seller Holocausto brasileiro, que chegou a vender 100 mil exemplares no ano de lançamento. Eleito Melhor Livro-Reportagem do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (2013) e segundo melhor Livro-Reportagem no prêmio Jabuti (2014), já são mais de 300 mil exemplares vendidos no Brasil e em Portugal. A obra também ganhou as telas de TV, pelo HBO.

É também autora do de Cova 312, vencedor do Prêmio Jabuti na categoria livro-reportagem (2016), que aborda o período da Ditadura Militar. Foi convidada para escrever Todo dia a mesma noite (2018), que conta a tragédia da Boate Kiss e deu origem à série de mesmo nome na Netflix; Os dois mundos de Isabel (2020). Além disso, foi a biógrafa da médium juizforana isabel Salomão. Escreveu também Arrastados (2022) sobre a tragédia de Brumadinho.

O mais recente lançamento foi Longe do Ninho (2024), uma investigação sobre o incêndio no Ninho do Urubu que vitimou dez jogadores da base do Flamengo.

Ouça a entrevista Dainela Arbex à Désia Souza no quadro Mulheres Incríveis veiculada em 2022.

Renan Ribeiro, jornalista e escritor

Renan Ribeiro

Filho da Zona Norte de Juiz de Fora, o jornalista Renan Ribeiro lançou em 2024 o livro “Falando Sôzinho e outras crônicas”. São 138 crônicas, a maioria publicada entre 2019 e 2022 na coluna “É Logo Ali”, do jornal Tribuna de Minas, e textos inéditos e 24 ilustrações também assinadas pelo autor.

Ele participou do Itatiaia ponto com falando sobre o processo de escrita, o lançamento do livro, a formação como leitor e as palestras em escolas, inclusive na instituição onde estudou.

Artur Laizo com o livro “Marriete: Sangue Eterno

Artur Laizo

O médico cirurgião, professor e escritor, Artur Laizo nasceu em 1960 em Conselheiro Lafaiete, mas vive em Juiz de Fora há 44 anos, onde estudou e se formou.

A medicina divide espaço com o amor pela literatura. Escreveu o primeiro livro, Lembranças do Oriente, aos 13 anos. Já publicou treze obras literárias em formato físico, entre poesias, crônicas e romances: Coisas da Noite – Poesias; Maloca Querida – Crônicas; É Difícil Morrer; Lembranças do Oriente; e A Festa Derradeira.

Em 2016, lançou A Mansão do Rio Vermelho, pela editora Novo Século. A sequência A Mansão do Rio Vermelho 2 – Um vampiro nos trópicos, saiu em 2017. A trilogia foi concluída em 2022, com A Mansão do Rio Vermelho 3 – A Batalha Final.

Em 2022 lançou “A Herança”, romance policial que foi premiado na primeira edição do Prêmio Ecos de Literatura como melhor e-book. Em 2023, “O vampiro Douglas” foi lançado com sucesso, vencendo no ano seguinte os prêmios de Melhor Livro Nacional, segundo Melhor Terror Nacional e terceira Melhor Capa no Prêmio Ecos de Literatura. No ano passado lançou Marriete: Sangue Eterno, protagonizado por uma taxista vampira que vive em Juiz de Fora.

Além de presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora (LEIAJF), é membro da Academia Juiz-forana de Letras, da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas, da Sociedade Brasileira de Poetas Aldravianistas e da Associação Brasileira de Romance Policial, Suspense e Terror.

Em entrevista à Itatiaia, ele falou sobre o trabalho de reunir e promover a literatura de Juiz de Fora. Ouça.

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Natural de Juiz de Fora, jornalista com graduação e mestrado pela Faculdade de Comunicação da UFJF. Experiência anterior em Rádio, TV e Internet. Gosta de esporte, filmes e livros. Editora Web em Juiz de Fora desde 2023.