A instituição cultural mais antiga de Juiz de Fora, a Biblioteca Municipal Murilo Mendes, comemora 127 anos de fundação neste sábado (28). Ao longo do mês, programações comemoraram o aniversário com convocação de mensagens da comunidade, distribuição de livros e marcadores e uma mostra sobre o poeta juiz-forano Murilo Mendes.
Em entrevista à Itatiaia, o Supervisor de Memória Eduardo Faria destacou a trajetória entre os séculos 19 e 21, com vários momentos nômade até a sede própria. Ele também ressalta a importância do local como guardião de conhecimento e memória e o trabalho para manter a Biblioteca sempre viva, sendo um convite aos frequentadores desde a infância.
Acervo doado e sem casa própria
A proposta de uma Biblioteca Municipal de Juiz de Fora surgiu em 1888, a partir da iniciativa do vereador Fonseca Hermes. A formalização veio oito anos mais tarde, com a publicação de uma resolução.
“Até 1896, funcionou sob a direção do secretário da Câmara Municipal, Francisco de Paula Campos. Neste ano, foi publicada a resolução de número 369, de 20 de maio, a qual, depois de criar no artigo 1º a Biblioteca Municipal, autorizou no artigo 2º as despesas necessárias à instalação da mesma no edifício do fórum ou em outro onde fosse reconhecido mais conveniente”, disse Faria.
A data de fundação oficial foi 28 de dezembro de 1897. O supervisor de memória explicou que a instituição já começou com um acervo formado em boa parte por doações.
“Ela já possuía, nessa época, cerca 500 volumes, conforme relatório de Heitor Guimarães, responsável pela organização. Esse relatório diz haver 280 volumes diversos doados por diversos cidadãos, mas algumas obras específicas. Afirma ainda, Heitor Guimarães, que a biblioteca passava nesse momento a contar com 800 volumes e recebia mais de 100 jornais de vários pontos do país”.
No entanto, foram necessários 100 anos para que a Biblioteca Municipal deixasse de ter endereço provisório e ganhasse uma sede definitiva.
“No início, a biblioteca funcionou no edifício do Fórum, depois foi abrigada em dois edifícios na Praça Municipal (antigo nome do Parque Halfeld). Passou pelo prédio onde funciona a Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) e também na Rua Marechal, 810. Desde agosto de 1996, a Biblioteca está localizada na Praça Antônio Carlos no prédio que faz parte do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas”.
Biblioteca Municipal Murilo Mendes recebe eventos ao longo do ano
Sempre de portas abertas
A Biblioteca foi batizada com o nome do poeta juiz-forano Murilo Mendes em 1982, sete anos depois do falecimento dele em Lisboa. Eduardo Faria destaca como sempre esteve ativa e uma referência no município.
“Sendo a instituição cultural mais antiga em funcionamento da cidade e podendo se afirmar, sem nenhuma margem de erro, que funciona de maneira ininterrupta desde a sua fundação até os dias atuais. Tem um amplo acervo diversificado que está em sua grande maioria acessível para consulta, pesquisa e mesmo empréstimo para toda a população de Juiz de Fora”.
Eduardo Faria ressalta o diálogo constante com os usuários, que aproveitam as diferentes possibilidades oferecidas na Biblioteca Municipal.
“Assume uma importância muito grande para a cidade, não somente como um espaço que possibilita o acesso a diversas obras de diversas temáticas, como também espaço de estudo, espaço de incentivo à cultura pelas diversas oficinas que acontecem durante todo o ano na Biblioteca”.
Obras raras do acervo da Biblioteca Municipal Murilo Mendes
Guardiã da memória local e regional
Atualmente o acervo possui mais de 75 mil exemplares. Eduardo Faria reitera o papel da Biblioteca como ponto de preservação da memória de Juiz de Fora e região, por ser referência para os pesquisadores.
“O centro de memória possui um acervo riquíssimo, um dos mais ricos do Brasil, de livros do século XVII até o século XXI, e periódicos do século XIX ao século XXI, que é uma importante contribuição para a pesquisa. Encontramos títulos do Farol, Diário Mercantil, Tribuna de Minas, Diário Regional, que circulavam na cidade a partir do século XIX, alguns até os dias atuais. Encontramos ainda o Lince, a Evolução, Razões, Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Juízes de Fora, dentre outras obras do período de 1876 até hoje. É possível encontrar ainda, nesse setor, livros com edições raras”.
E o futuro?
Durante os eventos de aniversário a instituição anunciou que o Mural de Mensagens feito para o Natal seria estendido no próximo ano, com outros temas. Mais atividades estão previstas, segundo o Supervisor de Memória Eduardo Faria.
“Há alguns projetos em andamento que pretendem ampliar e facilitar o acesso da população aos acervos da biblioteca, além de aumentar a interação da Biblioteca com outros setores da cidade, como, por exemplo, as escolas. Mas aí são algumas surpresas que, em 2025, a população irá ficar sabendo”, afirmou.