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PT e PL já gastaram quase 60% do fundo eleitoral; saiba quem recebeu os recursos

Com três semanas de campanha, partidos já torraram boa parte do ‘fundão’ e privilegiam candidatos nas capitais

Lula e Bolsonaro são os principais cabos eleitorais de Rogério Correia e Bruno Engler, respectivamente, na capital mineira

Os dois partidos com a maior fatia do fundo eleitoral do Brasil, PT e PL já torraram quase 60% dos recursos para financiar as campanhas de candidatos a prefeito e vereador ou de aliados espalhados pelo país.

Com três semanas de campanha, o Partido Liberal do ex-presidente Jair Bolsonaro já despejou R$ 519 milhões — dos R$ 886 milhões recebidos do chamado “fundão”. Já o Partido dos Trabalhadores, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, repassou R$ 369 milhões dos R$ 619 milhões a que tem direito.

PL supera PT e aumenta em 653% recursos do Fundo Eleitoral em comparação com eleições de 2020

O PL privilegiou, até o momento, a campanha do candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem, que recebeu R$ 26 milhões, mais que o dobro do segundo colocado, André Fernandes, que tenta se tornar prefeito de Fortaleza e recebeu R$ 10,5 milhões.

Ramagem está em segundo lugar nas pesquisas e corre o risco de ser derrotado ainda no primeiro turno. De acordo com pesquisa Datafolha divulgado no dia 5 de setembro, o deputado federal aparece com 11% das intenções de voto, enquanto o líder no levantamento, Eduardo Paes (PSD), tem 59%.

Fernandes, também deputado federal, aparece em terceiro lugar nas pesquisas, com 12% das intenções de voto e está atrás de Capitão Wagner (União Brasil), com 33%, e o atual prefeito José Sarto (PDT), com 16% das intenções de voto. Os números são da pesquisa Datafolha divulgada em 22 de agosto.

Apoiado por Bolsonaro, Bruno Engler é o quarto candidato que mais recebeu verbas do fundão eleitoral do PL

O candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Bruno Engler, recebeu R$ 10 milhões para financiar sua campanha eleitoral até o momento, mesmo montante de Ricardo Nunes, candidato à Prefeitura de São Paulo e que, embora seja filiado ao MDB é apoiado pelo partido comandado por Valdemar Costa Neto.

Confira os maiores repasses do PL

Nome do candidatoPartidoCargo em disputaValor do repasse
Alexandre RamagemPLPrefeitura do Rio de JaneiroR$ 26 milhões
André Fernandes PLPrefeitura de FortalezaR$ 10,5 milhões
Ricardo NunesMDBPrefeitura de São PauloR$ 10 milhões
Bruno EnglerPLPrefeitura de Belo HorizonteR$ 10 milhões
Capitão Alberto NetoPLPrefeitura de ManausR$ 7,1 milhões
Beto PereiraPLPrefeitura de Campo GrandeR$ 7 milhões
Abilio BruniniPLPrefeitura de CuiabáR$ 6,7 milhões
JHCPLPrefeitura de MaceióR$ 6,2 milhões
Gilson MachadoPLPrefeitura do RecifeR$ 6 milhões
Carlos JordyPLPrefeitura de NiteróiR$ 6 milhões
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PT privilegia Boulos

Já o Partido dos Trabalhadores privilegiou, até o momento, o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos — que tem a ex-prefeita da capital paulista, Marta Suplicy, como candidata a vice. O psolista recebeu, até o momento R$ 30 milhões do PT, mais da metade de toda arrecadação de sua campanha.

Na sequência, o levantamento feito pela Itatiaia mostra que o partido preferiu transferir recursos diretamente aos diretórios estaduais de diversos estados para que estes façam a distribuição, sobretudo a candidatos a vereador. O diretório estadual de Minas Gerais, por exemplo, foi o mais beneficiado nessa divisão, recebendo R$ 25,9 milhões.

Confira os maiores repasses do PT

Destinatário dos recursosCargo em disputaValor
Guilherme Boulos (PSOL)Prefeitura de São PauloR$ 30 milhões
Diretório do PT em Minas GeraisR$ 25,9 milhões
Diretório do PT na BahiaR$ 20,4 milhões
Diretório do PT no Rio Grande do SulR$ 15 milhões
Diretório do PT no CearáR$ 10,2 milhões
Diretório do PT no ParanáR$ 9,7 milhões
Diretório do PT no PiauíR$ 9,3 milhões
Diretório do PT em São PauloR$ 8,3 milhões
Diretório do PT no Rio de JaneiroR$ 8,3 milhões
Diretório do PT em PernambucoR$ 8,1 milhões

Dentre os candidatos, o PT transferiu pouco mais de R$ 5 milhões à deputada federal Dandara, candidata à Prefeitura de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Pesquisa Ipec divulgada no dia 4 de setembro coloca a candidata em segundo lugar na disputa, com 26% das intenções de voto. O vice-prefeito Paulo Sérgio (PP), que é apoiado por Bolsonaro, tem 34%, segundo o levantamento.

Campanha de Rogério Correia recebeu R$ 5 milhões da direção nacional do PT

O candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Rogério Correia, recebeu R$ 5 milhões da direção nacional do PT. Ele aparece em quinto lugar na última pesquisa Datafolha sobre a corrida na capital mineira, com 8% das intenções de voto, empatado tecnicamente em segundo lugar com outros candidatos: Fuad Noman (PSD), Bruno Engler (PL) e Duda Salabert (PDT) — que tem 14%, 13% e 12%, respectivamente.

A candidata à Prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário, recebeu quase o mesmo valor que Correia, R$ 4,9 milhões, e as candidatas do PT em Juiz de Fora, Margarida Salomão, e em Contagem, Marília Campos, arrecadaram R$ 4 milhões com a direção nacional da legenda. Ambas tentam a reeleição em suas cidades.


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Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.