Considerada o carro-chefe do Partido dos Trabalhadores em solo mineiro, a campanha do deputado federal Rogério Correia na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte receberá repasses entre R$ 9 e R$ 11 milhões.
As informações foram apuradas pela Itatiaia com fontes ligadas ao planejamento estratégico das campanhas do PT mineiro.
Parte significativa dos outros R$ 20 milhões será aportada em campanhas de cidades consideradas prioritárias pelo PT em Minas Gerais. Entre elas, estão Contagem, Juiz de Fora, Uberlândia, Montes Claros e Governador Valadares.
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Todas essas cidades têm mais de 200 mil habitantes e possibilidade da eleição ser decidida no 2º turno. Duas delas, Contagem e Juiz de Fora, já receberam visitas do presidente Lula, que veio para anunciar obras e apoiar a reeleição de Marília Campos e Margarida Salomão.
A Itatiaia consultou a base de dados do Tribunal Superior Eleitoral. Até a noite desta terça-feira, o PT oficializou a candidatura de 138 prefeitos, 149 vice e 2.548 vereadores. Somando os números, 2.835 candidatos petistas vão disputar as eleições nas 853 cidades mineiras.
Quanto cada candidato pode receber do PT em Minas Gerais?
As fontes ouvidas por nossa reportagem disseram que ainda não é possível afirmar quais valores serão endereçados pelo PT para as cidades prioritárias. Com base nisso, a Itatiaia simulou alguns cenários.
Em caso de investimento de R$ 9 milhões na campanha de Correia, sobrariam R$ 21 milhões nos cofres do PT. Em uma conta livre, cada uma das 2.835 receberia a quantia de R$ 7.407.
Em caso de investimento de R$ 11 milhões na campanha de Correia, sobrariam R$ 19 milhões nos cofres do PT. Em uma conta livre, cada uma das 2.835 receberia a quantia de R$ 6.701.
Para candidatos a vereador, estes valores vão cair ainda mais. Isso porque, além do investimento na campanha de Rogério, o PT irá destinar valores mais robustos para as candidaturas a prefeito nas cidades prioritárias.
Candidatos insatisfeitos com valores
Baseados em valores de outras campanhas, candidatos de 1ª viagem estão estão insatisfeitos com os valores que podem receber. Como a Itatiaia apontou, o teto, no melhor dos cenários, não vai ultrapassar os R$ 7.500.
Tentando uma cadeira na câmara dos vereadores de Belo Horizonte pela primeira vez, candidatos de 1ª viagem já estão reclamando os valores em conversas internas no PT.
“Esta é a nova realidade das campanhas”, disse um político com mandato do PT.
Procurados pela Itatiaia, quadros mais tradicionais do PT, na mesma linha, minimizam a situação e disseram que não se trata de uma crise interna.
Segundo os políticos mais experientes, neste formato, as campanhas estão mais enxutas e precisam investir em inovação e criatividade para otimizar os quadros. Por isso, candidatos disseram que vão investir os recursos em redes sociais, onde os custos são menores.
Em cidades com mais de 100 habitantes, como Belo Horizonte, os candidatos terão parte do recurso depositado em dinheiro na conta para investir na própria campanha.
Em pequenas cidades, o recurso irá abastecer uma espécie de fundo municipal que irá contratar os serviços em maior volume e entregar todo material pronto para os vereadores, garantiram fontes petistas. Outros serviços como jurídicos e financeiros serão gerenciados pelo PT municipal.
PT aposta em campanhas coletivas
Para evitar desperdício e otimizar recursos, a Itatiaia apurou que o PT irá investir em campanhas coletivas. Elas serão distribuídas em esferas nacionais, estaduais e municipais.
Na campanha coletiva nacional, o PT irá custear materiais, como milhões bandeiras do partido, despesas de viagens de lideranças petistas participar de campanhas e materiais audiovisuais envolvendo o presidente Lula, por exemplo.
Na campanha coletiva estadual, o PT de Minas Gerais, que deve contar com 30 milhões de reais, irá concentrar os recursos para formar uma base jurídica e financeira para ajudar o partido na esfera municipal. Fontes disseram que a executiva estadual irá formar uma equipe composta por advogados, contadores e especialistas técnicos em prestação de contas de campanhas.
Com essa equipe, o partido irá formar uma espécie de base em BH. Se acionada, a equipe poderá dar suporte para as 853 mineiras. Interlocutores garantem que isso evita que cada município tenha que montar uma estrutura desta em cada cidade.
O PT estuda contratar carros de som para atender regionais. Com agendamento, o mesmo equipamento pode atender várias cidades. A intenção é contratar uma equipe mais experiente em BH e reduzir os gastos do PT’s municipais.
Na campanha municipal, o PT mineiro deve contratar uma única equipe audiovisual para atender os candidatos a prefeito, vice e vereadores. No mesmo sentido do escritório de advocacia e prestação de contas, isso evita que cada um dos candidatos precise contratar os serviços individualmente.
O que diz o PT sobre as reclamações de candidatos
A Itatiaia procurou a executiva do PT em Belo Horizonte e do PT Minas Gerais para comentar a insatisfação de alguns candidatos com as futuras verbas que terão acesso para financiar as campanhas.
Em entrevista à Itatiaia, o presidente do PT em BH, Guilherme Jardim, negou o ambiente de crise no PT. Guima, como é conhecido nas fileiras do PT, afirmou que a distribuição de recursos no PT é altamente transparente e detalhada na resolução da executiva nacional do partido.
O presidente do PT disse ainda que o partido respeita todos os critérios estabelecidos pela justiça eleitoral como realizar investimentos concretos na campanha de pessoas negras e mulheres.
“O PT-MG informou que o financiamento da campanha de Belo Horizonte é coordenado pela direção Nacional do PT, conforme estabelecido em resolução do partido, portanto, não passa pelo diretório estadual”, disse o PT de Minas Gerais.