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Câmara de BH: esquerda tenta acordo entre grupos de Aro e Gabriel para encerrar crise

Embate político, que pode culminar na cassação do presidente da Casa, se arrasta desde agosto; vereadores de PT, Psol e PV querem ‘mediar’ conversas entre as partes em busca de solução

Bruno Pedralva

Vereadores de partidos à esquerda com representação na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) tentam costurar um acordo para pôr fim à crise que pode culminar na cassação do presidente da Casa, Gabriel Azevedo (sem partido). Nesta sexta-feira (1°), uma sessão que analisaria a perda do mandato de Gabriel não aconteceu por ausência do número mínimo de parlamentares. Outra reunião, chamada para decidir se outra denúncia contra o presidente começaria a ser formalmente analisada, também deixou de acontecer.

Parlamentares de PT, Psol e PV devem tentar, ao longo dos próximos dias, um acordo entre os outros três grupos da Câmara de BH.

De um lado, estão os vereadores próximos a Gabriel Azevedo (sem partido), que votarão contra a cassação dele caso o assunto chegue ao plenário. Do outro, há o grupo batizado de “Família Aro”, formado por parlamentares ligados ao secretário de Estado da Casa Civil de Minas Gerais, Marcelo Aro (PP). Essa coalizão tem, por exemplo, o vice-presidente da Casa, Juliano Lopes (Agir), que defende a cassação de Gabriel e assumiria a chefia do Legislativo em caso de punição ao colega.

A equação tem, ainda, vereadores da base aliada ao prefeito Fuad Noman, do PSD. O grupo de Aro espera que os governistas também votem pela cassação de Gabriel. Sob anonimato, uma fonte confidenciou à Itatiaia que uma das hipóteses que chegou a ser aventada estaria relacionada à renúncia da atual Mesa Diretora da Câmara. A saída serviria para pacificar o ambiente.

Colocamos claramente, para o presidente da Câmara, para a base do prefeito e para o grupo do Marcelo Aro, a necessidade de a gente tentar encontrar uma saída que não passe por esse embate. Na nossa avaliação, seja qual for o resultado, todos vão sair perdendo. Se o Gabriel não for cassado, vai continuar uma oposição ferrenha que pode inviabilizar os trabalhos da Câmara. De igual modo, se Gabriel for cassado, pode continuar um embate ferrenho que também vai inviabilizar os trabalhos”, disse Bruno Pedralva, do PT.

Segundo o petista, ele e colegas como Pedro Patrus (PT) e Célio Fróis, do PV, têm tentado uma “mediação” entre as diferentes correntes da Câmara.

“Vamos ter várias conversas neste fim de semana, no espírito de salvar Belo Horizonte dessa crise política em que todo mundo sai perdendo. Essa não é a saída democrática e legítima que o povo de BH precisa”, apontou.

Grupos sinalizam positivamente

Nesta sexta-feira, lideranças de diferentes alas da Câmara Municipal sinalizaram positivamente à ideia de acordo. O líder do governo de Fuad na Casa, Bruno Miranda (PDT), afirmou que o prefeito nunca se opôs a dialogar com os vereadores. No auge da crise entre os poderes Executivo e Legislativo, Fuad chegou a afirmar não ter o desejo de se encontrar com Gabriel Azevedo.

“Por parte do prefeito Fuad e da nossa parte, na liderança de governo, o que a gente quer, de fato, é que a Câmara caminhe e que possamos votar os projetos. (Queremos) que a gente consiga deliberar sobre a lei do Orçamento para 2024, que a gente consiga sair desse imobilismo e melhorar as relações pessoais aqui. Isso faz mal para a cidade, para o cidadão e para todos nós, que somos colegas. O que queremos é procurar uma saída, dialogada”, garantiu.

Segundo Wesley Moreira (PP), componente da chamada “Família Aro”, as votações previstas para esta sexta-feira não aconteceram por causa da abertura de um “espaço de diálogo” que pode estancar a crise.

“Belo Horizonte (está) sempre em primeiro lugar. O produto que tem sido entregue por essas guerras na Câmara não é positivo para a cidade. Se chegássemos a um denominador comum, em que a cidade saísse ganhando, não me importo de estar em uma mesa de diálogo”, assinalou.

Entenda as denúncias

Uma das denúncias que pode gerar a cassação do mandato de Gabriel foi apresentada pela deputada federal Nely Aquino (Podemos-MG), antecessora do vereador na presidência da Câmara de BH e ex-aliada dela. Próxima a Marcelo Aro, ela acusa Gabriel de questões como agressões verbais a outros vereadores, abuso de autoridade e atuação irregular na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lagoa da Pampulha.

O prazo para análise da denúncia de Nely vence na segunda-feira (4). Portanto, se a solicitação de punição não for votada até lá, o processo será arquivado.

Em outra frente, há uma denúncia de Miltinho CGE, vereador pedetista. O caso dele está relacionado a uma entrevista concedida por Gabriel a uma emissora de TV em 15 de maio. À ocasião, o presidente da Câmara anunciou ter recebido um pedido de cassação do pedetista por “supostas práticas de rachadinha e nepotismo.

Segundo Miltinho, em vez de ter analisado a denúncia e adotado as medidas determinadas pelo Regimento Interno da Câmara, Gabriel “optou por utilizar sua posição de autoridade para engrandecer sua imagem, comprometendo a reputação de um colega vereador”.

Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Mineiro de Urucânia, na Zona da Mata. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2024), mesma instituição onde diplomou-se jornalista (2013). Na Itatiaia desde 2016, faz reportagens diversas, com destaque para Política e Cidades. Comanda o PodTudo, programa de debate aos domingos à noite na Itatiaia.
Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.