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Veto de Lula à prorrogação da desoneração é criticado por centrais sindicais

Autor do projeto que prorroga desoneração da folha de pagamento prevê derrubada do veto de Lula em sessão do Congresso Nacional

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou o Projeto de Lei

O veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia até dezembro de 2027 foi alvo de críticas de três centrais sindicais nesta sexta-feira (24). Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores e Central dos Sindicatos Brasileiros assinam um documento em que classificam o veto como uma ameaça a ‘milhões de empregos’ no país e indicam que a decisão do governo provocará ‘perda de arrecadação, insegurança e empregos de menor qualidade’.

A desoneração da folha de pagamentos vigora no Brasil há 12 anos. Se o veto de Lula à proposta for mantido pelo Congresso, que deve colocá-lo para votação nas próximas semanas, a desoneração perderá a validade em 31 de dezembro. Para derrubar o parecer de Lula serão necessários os votos de 257 deputados e 41 senadores, e as centrais sindicais que assinam a nota nesta sexta-feira pressionam o Legislativo pela derrubada do veto. “Esperamos que o Congresso Nacional restabeleça rapidamente a política para um ambiente de geração de emprego para os trabalhadores brasileiros neste fim de ano”, escrevem as entidades da nota.

Os três grupos afirmam que o veto de Lula é um equívoco ‘ao jogar o ajuste fiscal no setor produtivo e no emprego formal, pois a conta será absorvida pelos trabalhadores, seja com o desemprego ou com a informalidade’.

Em oposição às três centrais sindicais, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) decidiu manifestar apoio ao presidente Lula e sustentou, em nota, que o veto à prorrogação da desoneração é uma ‘oportunidade’ para debater o assunto e encontrar um ‘melhor caminho na direção de um sistema tributário mais justo e progressivo’.

Autor do PL articula derrubada do veto

O autor do Projeto de Lei (PL) que prevê a prorrogação da desoneração, senador Efraim Filho (União Brasil-PB) disse ter recebido com surpresa o veto integral à matéria. Filho classificou a decisão como política. “Foi incompreensível”, começou em entrevista à GloboNews. “O que sobra é a derrubada do veto. Infelizmente, é uma decisão política do presidente Lula. Ele sabia do risco e do desgaste que poderia enfrentar. Essa matéria foi aprovada por ampla e sólida maioria tanto na Câmara quanto no Senado”, declarou.

A medida que propõe a prorrogação da desoneração até dezembro de 2027 obteve 430 votos favoráveis diante de apenas 17 contrários na Câmara dos Deputados em agosto. Dois meses depois, em outubro, o plenário do Senado aprovou a proposta em votação simbólica, quando os votos dos senadores não são registrados individualmente. Frente à posição do Congresso em relação à matéria, Efraim Filho indicou que a derrubada do veto de Lula já é articulada. “As conversas e os diálogos já estão em curso. Os setores produtivos e os municípios vão unir forças no movimento. O maior desafio do Brasil, hoje, não é arrecadar mais. O maior desafio do Brasil, hoje, é gerar empregos, gerar oportunidades. Pais e mães de família dependem dessa política, que demonstrou resultados”, afirmou o autor do PL.

Governo promete solução

O veto à prorrogação da desoneração partiu de uma orientação da equipe econômica do governo ao presidente Lula. Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiantou durante pronunciamento em São Paulo que será apresentado ao Congresso Nacional uma solução alternativa à desoneração, classificada como ‘inconstitucional’ por ele. “A medida que o presidente tomou é correta do ponto de vista econômico e do ponto de vista jurídico. Na volta da COP, poderemos levar ao Congresso Nacional uma solução que nos parece mais promissora. Penso que a questão será pacificada”, disse Haddad, que ainda condicionou a apresentação dessa proposta à aprovação da PEC da reforma tributária na Câmara. “Penso que, quando o Congresso tomar conhecimento do que planejamos fazer, essa situação será pacificada exatamente no prazo que convencionamos: depois da aprovação da reforma tributária e da apreciação da Medida Provisória 1185 [subvenção do ICMS], que é a última lei que falta o Congresso apreciar do conjunto de medidas econômicas”, pontuou.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.