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Câmara de BH vota projeto que pode proibir linguagem neutra nas escolas

Proposta será votada em sessão no Plenário nesta segunda (24); STF já derrubou lei semelhante aprovada em Rondônia

Projeto que proíbe linguagem neutra nas escolas foi pautado no plenário da Câmara de BH

Os vereadores de Belo Horizonte votam, em segundo turno, nesta segunda-feira (24), um projeto de lei que pode proibir escolas da capital mineira de utilizar a chamada “linguagem neutra” dentro das salas de aula.

O projeto tem autoria do ex-vereador e hoje deputado Nikolas Ferreira (PL) e foi aprovado em primeiro turno na Câmara de BH no ano passado. O PL 54/2021 foi pautado na sessão do dia 13 de abril, mas retirado de pauta após um acordo entre os vereadores. Como combinado, o projeto deixaria a pauta no dia e uma sessão extraordinária seria marcada para a apreciação da proposta.

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De acordo com o texto do PL 54/2021, fica proibido o uso da linguagem neutra nas escolas de BH e os alunos devem ter o direito ao aprendizado da língua portuguesa com base nas orientações nacionais de educação, no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e na gramática elaborada nos termos da reforma ortográfica ratificada pela comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

O objetivo do PL 54/2021 é proibir a denominada linguagem neutra na grade curricular e no material didático de instituições de ensino públicas e privadas, impondo sanções administrativas às que violarem a regra (na chamada linguagem neutra, a vogal temática e o artigo são substituídos, por exemplo, pela letra “x” ou “e”, evitando a distinção de gênero - “todes” em vez de todos, “alunxs” em lugar de alunos, “ile” em lugar de eles ou elas).

A proposta dividiu opiniões na audiência pública da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo, realizada em julho de 2021, e também no Plenário, onde, com manifestações contra e a favor de parlamentares e da galeria, foi aprovada pela maioria dos presentes e retornou às comissões para análise das 13 emendas recebidas.

STF já se manifestou sobre o tema

Em fevereiro deste ano o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional uma lei semelhante ao projeto que será votado na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) sobre o tema. Na ocasião, a Suprema Corte se reuniu para avaliar a constitucionalidade de uma lei aprovada em Rondônia e que também proibia o uso da linguagem neutra.

A ação no STF foi apresentada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino, que considera que estados e municípios não podem ferir a prerrogativa do governo federal de determinar normas sobre o ensino.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.