Pix completa cinco anos: qual o próximo passo da evolução?

Ferramenta de pagamento instantâneo teve agenda evolutiva acelerada desde o lançamento em novembro de 2020

Em cinco anos, Pix já é o método de pagamento mais utilizado pelos brasileiros

Em cinco anos de operação, o Pix evoluiu de forma meteórica com a ampliação do seu escopo para uma infraestrutura completa de pagamento. Atualmente, existe a possibilidade de operações agendadas, automáticas, em crédito, por meio de maquininhas, além da utilização para o pagamento de compras no varejo e para contas do dia a dia. Mas agora, qual o próximo passo da evolução?

O Banco Central trabalha para permitir o Pix em operações de garantia de crédito, ou popularmente conhecido como empréstimo. Em agosto, o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, afirmou que a instituição está trabalhando na funcionalidade como um tipo de crédito consignado para trabalhadores autônomos e empreendedores.

O Pix garantia deve ser lançado em 2026, descontando valores de um fluxo recebível da conta do empresário como forma de garantir um empréstimo com as instituições financeiras. “Através da chave PIX, o banco, ou a instituição que vai dar o crédito, consegue ter uma percepção de qual é o custo de receita que aquela pessoa tem ao longo do mês e criar uma hierarquia para que ela possa usar como colateral”, disse Galípolo.

A ideia é que a modalidade de crédito tenha juros menores, considerando que o Brasil tem uma taxa de juros reais em 10%. Segundo João Paulo Borges, coordenador-geral de Regulação do Sistema Financeiro na Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, a expectativa é que o Pix garantida reduza o spread bancário.

Em linhas gerais, o spread é a diferença financeira entre o que o banco paga a um investidor para obter os recursos e o que ele cobra para emprestar esses mesmos recursos. “A expectativa é de que o Pix garantia seja um meio para reduzir o spread e ampliar a oferta de crédito, especialmente para pequenos e médios empreendedores, que têm um acesso mais complicado ao mercado financeiro”, destacou.

Para o vendedor de pipoca Expedito Oliveira, que trabalha há 40 anos como ambulante nas ruas de Belo Horizonte, o Pix garantia poderia ser uma boa modalidade, mas é preciso de mais informações. “É preciso saber sobre juros, acréscimos, como funcionaria direitinho”, disse.

Segundo ele, o dinheiro do empréstimo poderia ser usado para arrumar a casa ou o carro. “Eu pegaria uns R$ 10 mil, por exemplo, ou até mesmo uns R$ 5 mil para experimentar e ver como funciona”, completou.

O Pix em dados

Segundo dados do Banco Central, em outubro foram realizadas mais de 7 bilhões de transações via Pix, movimentando mais de R$ 3 trilhões. Cerca de 2,7 bilhões dessas operações foram realizadas de pessoas para empresas (44%), enquanto 2,6 bilhões foram operações entre pessoas físicas.

Atualmente, o Pix já chega a 90% da população adulta. Os dados são de um estudo do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), conduzido pelos economistas Fabricio Trevisan, Lauro Gonzalez, Eduardo Diniz e Adrian Cernev.

A pesquisa mostra uma ascensão meteórica no Pix dentro da sociedade brasileira. Em novembro de 2020, logo quando foi lançado, a ferramenta chegou em apenas 6,2% da população; três anos depois, o alcance já superava 77%. Hoje, a ferramenta é fundamental para a inclusão financeira.

Em dezembro de 2024, o Pix chegou a ultrapassar o dinheiro em espécie como forma de pagamento mais utilizada. A pesquisa “o brasileiro e sua relação com o dinheiro”, do Banco Central, mostra que o dinheiro físico era usado por 83,6% da população em 2021, enquanto o Pix chegava em 46,1%. Três anos depois o dinheiro caiu para 68,9% enquanto o Pix estava sendo utilizado por 76,4% da população.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.
Formada, há 13 anos, em jornalismo, pela Faculdade Pitágoras BH. Pós-graduada em jornalismo digital e produção multimídia.

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