Indústria aponta desvantagem do Brasil após redução parcial de tarifas dos EUA

Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a decisão tende a favorecer outros países e manter o Brasil em desvantagem competitiva

Lula e Trump discutiras tarifas e retomam diálogo entre Brasil e EUA em outubro

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a decisão dos Estados Unidos de retirar as tarifas recíprocas de 10% sobre produtos agrícolas tende a favorecer outros países e manter o Brasil em desvantagem competitiva. Apesar do recuo parcial anunciado pela Casa Branca, os produtos brasileiros continuam sujeitos a uma sobretaxa de 40%.

Segundo a entidade, a medida abre espaço para que nações isentas da tarifa ampliem sua presença no mercado norte-americano, enquanto o Brasil segue enfrentando barreiras para exportar itens do agronegócio. “Países que não enfrentam essa sobretaxa terão mais vantagens que o Brasil para vender aos americanos. É muito importante negociar o quanto antes um acordo para que o produto brasileiro volte a competir em condições melhores no principal destino das exportações industriais brasileiras”, diz Ricardo Alban, presidente da CNI, em nota.

A análise preliminar da confederação aponta que a ordem executiva assinada pelo governo norte-americano retira as tarifas recíprocas de 10% para 238 produtos agrícolas, sendo que 80 deles são exportados pelo Brasil. Entre os itens contemplados estão carne bovina, tomates, café e bananas.

Mesmo assim, apenas quatro produtos brasileiros (três tipos de suco de laranja e castanha-do-pará) ficarão totalmente livres de taxas. Os outros 76 itens, entre eles segmentos nos quais o Brasil é relevante, como carne bovina e café não torrado, seguirão enfrentando a cobrança adicional de 40% para entrar no mercado dos EUA.

De acordo com dados da própria CNI, as exportações desses 80 produtos para o mercado norte-americano somaram US$ 4,6 bilhões em 2024, o equivalente a cerca de 11% do total enviado pelo Brasil ao país.

Avaliação da Fiemg

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) considerou a redução das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a importações brasileiras como um avanço importante, mas insuficiente. A entidade aponta que a medida anunciada por Trump não está suficientemente explícita sobre o recuo nas tarifas e afirma que persistem dúvidas sobre a manutenção da sobretaxa de 40% imposta ao Brasil.

“É um passo importante, mas ainda insuficiente. A decisão mostra disposição ao diálogo, porém é necessário avançar mais para remover todas as barreiras adicionais e restabelecer condições adequadas de competitividade para a indústria mineira”, afirmou o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe. Ele classificou a medida como um passo relevante para a retomada das relações entre Brasil e Estados Unidos, mas reforçou que avanços posteriores precisam ser feitos.

Relações diplomáticas

O recuo de Trump acontece em um momento de distensionamento nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Em agosto, o tarifaço americano entrou em vigor impondo 50% de taxação sobre exportações brasileiras, embora com uma lista de exceções com cerca de 700 itens.

A guerra comercial foi agravada pelos tons políticos evidenciados na decisão de Trump, que chegou a citar o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) em seu decreto e o classificou como um perseguido da Justiça.

As decisões foram tomadas enquanto o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Paulo Figueiredo atuavam nos Estados Unidos para articular punições contra autoridades brasileiras. A dupla comemorou e se atribuiu responsabilidade sobre medidas como a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes e a supressão do visto de outros sete ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em 23 de setembro, Trump e Lula se encontraram nos bastidores da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e trataram o episódio com tom amistoso. A boa relação se prolongou nas semanas seguintes com uma conversa dos presidentes por telefone em 6 de outubro e um encontro presencial no dia 27 do mesmo mês em Kuala Lumpur, na Malásia.

* Informações com CNN

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