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Universidade Federal de Uberlândia investe em inovação e projeta parque tecnológico

UFU aposta em projetos de empreendedorismo e tecnologia para transferir o conhecimento de seus pesquisadores para a comunidade do Triângulo

Universidade Federal de Uberlândia prevê inaugurar seu parque tecnológico em agosto de 2026

A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) passa por um momento de aproximação da comunidade do Triângulo Mineiro. Com quase 25 mil alunos, de graduação e pós, espalhados por sete campi em quatro cidades, a instituição se destaca por formar profissionais qualificados para as mais diversas áreas da ciência. Agora, ela trabalha para devolver o conhecimento para a sociedade e construir seu parque tecnológico.

Com investimento total de R$ 13 milhões, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o chamado de TecnoUFU terá como objetivo desenvolver uma nova matriz tecnológica e econômica para o Triângulo, gerando emprego e renda para a população.

Em entrevista exclusiva à Itatiaia, o reitor da UFU, professor Carlos Henrique Carvalho, afirmou que as obras do parque no campus Glória estão avançadas, com projeção de inauguração em agosto de 2026. “Isso vai facilitar muito a aproximação da universidade, pensando em inovação, pensando em empreendedorismo, com a sociedade”, disse.

Quando a obra estiver pronta, a universidade espera comportar entre 60 e 80 empresas dentro do TecnoUFU. O parque deve facilitar a transferência de conhecimento científico e tecnológico ao aproximar a Federal de Uberlândia com outros centros de pesquisa e empresas da região, incluindo o polo tecnológico em construção pela prefeitura, e os demais centros que a própria UFU está preparando.

Além do parque tecnológico, a universidade projeta um Centro de Transição Energética, com um laboratório termoquímico experimental, com investimentos de R$ 15 milhões da Finep. “Ainda estamos viabilizando a área onde ele será construído. Nossa ideia é formar um grande complexo de pesquisa em torno do parque para atrair demandas para essa área”, explicou o professor Carlos.

O reitor afirma que o objetivo é desenvolver pesquisas sobre transição energética conjugada com o parque e o laboratório termoquímico, que vai processar resíduos de esgoto e transformar em gás por um processo de condensação, e do gás virar energia. “Depois de todos os testes, validações realizadas, a ideia é transformar em uma usina que atende pequenos municípios. Dependendo do tamanho, a usina pode atender as demandas elétricas desses municípios”, disse.

Pacto pela inovação

Dentro da comunidade empresarial de Uberlândia, a universidade federal é sempre lembrada como um polo de desenvolvimento. Para o reitor da instituição, o reconhecimento se dá por uma importância lógica. “As pessoas citam a Universidade porque não há inovação sem pesquisa. Sendo uma Universidade Federal com vários laboratórios em todas as áreas do conhecimento, e realizando pesquisa de alta qualidade, a UFU é sempre lembrada”, emendou.

A universidade, somada a entidades como o Sebrae, a comunidade de startups do Uberhub, a Associação Comércial e Industrial de Uberlândia (Aciub) e a Prefeitura local, assinaram o Pacto pela Inovação, no final de 2024. A parceria prevê a implementação de projetos voltados ao setor de inovação e tecnologia.

Recentemente, a UFU também assinou um convênio para trabalhar em soluções de 144 problemas da prefeitura de Uberlândia. Um deles já vai ser tratado com o laboratório termoquímico a ser entregue em dezembro. Outro exemplo é a formação de servidores em Inteligência Artificial, onde a entidade estuda a implementação de cursos para a área.

“Existem projetos de transporte, energéticos, habitacionais. A prefeitura apresentou 144 dificuldades, nós reunimos 200 pesquisadores. Algumas coisas nós temos que começar a pesquisa, e outras coisas nós já tínhamos em andamento. Com isso, nós conseguimos atender algumas dificuldades da prefeitura de Uberlândia”, completou.

Centro de Empreendedorismo e Inovação

A UFU também trabalha para construir seu Centro de Empreendedorismo e Inovação de Uberlândia, um projeto da diretoria de Inovação e Transferência de Tecnologia, ligada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. O ambiente vai permitir uma dinâmica de trabalho compartilhada entre estudantes, pesquisadores e parceiros que atuarão na formação de startups, projetos de base tecnológica e ações de inovação social.

Segundo a diretora de Inovação e Transferência de Tecnologia, Luciana Carvalho, o espaço vai potencializar a transferência de conhecimento científico e tecnológico do que é feito dentro da universidade para a sociedade do Triângulo.

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“Somos a ponte da interação entre nossos pesquisadores e nossos ambientes promotores de inovação com a sociedade. Hoje, a gente tem alguns projetos que vão desde educação empreendedora, como o laboratório de inovação para alunos do ensino médio e nossa escola básica, como projetos para graduação, que são os centros de empreendedorismo, e os projetos diretos para a sociedade, como a incubadora de empresas”, explicou.

Segundo a diretora, a UFU já atendeu oito turmas somando 130 estudantes de escolas públicas no laboratório de inovação, com projetos de iniciação científica e trilha empreendedora. Os alunos ainda recebem uma bolsa de ajuda de custo no valor de R$ 300.

No meio desse ecossistema complexo, a Universidade ainda conta com o Centro de Incubação de Atividades Empreendedoras (CIAEM), que incentiva a criação e o desenvolvimento de novas startups com assessoria e capacitação em gestão empresarial, e a Agência Intelecto, que trabalha na transferência e proteção da propriedade intelectual dos pesquisadores.

*O repórter viajou à Uberlândia a convite do Sebrae Minas

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.