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Mineiro está entre os 10 cientistas do Brasil que mais influenciam decisões no mundo

Em entrevista à Itatiaia, Britaldo Soares reforçou a importância da produção de ciência de vanguarda e de contribuir para debates de políticas públicas a partir da produção científica

A pesquisa de Britaldo se concentra em simulações de mudanças no uso da terra, desmatamento e seus impactos no clima, hidrologia, biodiversidade e economia

Com trabalho robusto em prol da conservação ambiental, do planejamento territorial no Brasil e do desenvolvimento de políticas públicas, o pesquisador Britaldo Soares-Filho, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), está entre os 10 cientistas brasileiros que mais influenciam decisões no mundo, segundo o relatório Bori-Overton. Mais do que escrever artigos, Britaldo sempre focou em “construir a história”.

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Em entrevista à Itatiaia, o cientista falou sobre a importância de pensar em como aquela pesquisa ou artigo pode contribuir para o todo.

“A gente sempre se preocupou em não só em publicar artigos, mas escrever a história da conservação ambiental, do planejamento territorial do Brasil, das políticas públicas. Isso pode ser um exemplo também para os pesquisadores licenciados, os estudantes de pós-graduação: sempre pensarem em qual é a contribuição do seu trabalho para a sociedade, para o país como um todo, inclusive para o mundo”, pontuou Britaldo, professor titular do Departamento de Cartografia da UFMG até 2022 e hoje um pesquisador associado do Centro de Sensoriamento Remoto da mesma instituição.

O relatório Bori-Overton listou os 107 cientistas do Brasil mais citados em documentos que embasam tomadas de decisão mundo afora. Para chegar à lista, o instituto de pesquisa identificou pesquisadoras e pesquisadores brasileiros mencionados em relatórios técnicos e pareceres usados por governos, organismos internacionais e organizações da sociedade civil.

Com contribuições para revisão do Código Florestal e criação do NDC brasileira (metas de redução de emissões de gases de efeito estufa), o cientista direcionou grande parte da carreira na contribuição de melhorias para o país, muitas vezes criticando e propondo soluções para políticas públicas existentes.

O pesquisador também desenvolveu tecnologias para automatizar um processo do Cadastro Ambiental Rural (CAR). O documento é obrigatório para produtores rurais brasileiros. “Para conseguir financiamento, para conseguir vender imóvel, tudo depende do chamado CAR, cadastro ambiental rural”, explicou o cientista.

A pesquisa de Britaldo se concentra em simulações de mudanças no uso da terra, desmatamento e seus impactos no clima, hidrologia, biodiversidade e economia, com foco particular nas regiões da Amazônia e Cerrado.

“A gente sempre teve a preocupação de contribuir. Ou seja, não fazer ciência só pela ciência, mas fazer uma ciência de vanguarda, avançada e usar essa ciência para contribuir com debates de políticas públicas”, reforçou Britaldo à reportagem.

Os estudos do pesquisador abrangem temas como agricultura de baixo carbono, intensificação sustentável da pecuária e iniciativas como o REDD+, contribuindo diretamente para a criação de instrumentos legais e econômicos que equilibram conservação e produção.

Reconhecido internacionalmente

Soares-Filho foi um dos autores do quarto relatório do IPCC, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007. O cientista também foi agraciado com o Prêmio Georg Forster em 2015 e nomeado um dos 50 mil cientistas mais influentes do mundo em 2019.

Em 2023, o mineiro foi classificado como o melhor cientista na área de Ecologia e Evolução da UFMG e ocupou a 20ª posição no Brasil nesse campo.

Os cientistas top 10

  • César Victora (Ufpel)
  • Carlos Monteiro (USP)
  • Aluísio Barros (Ufpel)
  • Paulo Saldiva (USP)
  • Pedro Hallal (Ufpel)
  • João Campari (WWF International)
  • Pedro Brancalion (USP)
  • Bernardo Strassburg (PUC-Rio)
  • Álvaro Avezum (Hospital Alemão Oswaldo Cruz)
  • Britaldo Filho (UFMG)

(Sob supervisão de Edu Oliveira)

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas