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Por que os juros nos Estados Unidos importam para o Brasil?

Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, deve decidir por um novo corte nos juros nesta quarta-feira (29)

Queda na taxa favorece o real frente ao dólar

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos, vai decidir por uma nova taxa básica de juros nesta quarta-feira (29). Com o intervalo atual entre 4% e 4,25%, a expectativa do mercado financeiro é que os diretores continuem o ciclo de corte e promovam uma nova redução de 0,25 ponto percentual.

Mas por que essa redução é importante para o Brasil? Em linhas gerais, com a taxa básica de juros brasileira, a Selic, em 15% ao ano, uma redução da taxa americana vai aumentar o intervalo da política monetária dos dois países. Isso torna os ativos brasileiros atrativos para o mercado global.

Ocorre que, como os Estados Unidos são a economia mais estável do mundo, seu mercado trabalha como se alimentasse outras economias com o seu dinheiro. Uma taxa de juros alta nos EUA torna os títulos do tesouro americano o melhor investimento, por terem praticamente risco zero. Isso faz com que os investidores retirem dinheiro do Brasil e apliquem no exterior.

Segundo o economista sênior do Banco Inter, André Valério, esse diferencial nos juros é um dos principais determinantes da taxa de câmbio. “Atualmente, temos um diferencial elevadíssimo. Quanto maior essa diferença, menor pressão de depreciação cambial nós temos. E isso é importante pois um câmbio depreciado tende a gerar repasse inflacionário, aumentando os preços dos bens em reais”, disse.

Na expectativa do corte, o dólar fechou a terça-feira (28) com uma queda de 0,20% a R$ 5,36. A diferença nos juros também contribuiu para uma estratégia de investimento que é chamada de “carry trade”, que consiste em tomar empréstimos nos Estados Unidos com juros baixos e investir em ativos de outra moeda com juros mais altos.

Valério explica que outro ponto importante de impacto é na decisão do Banco Central brasileiro sobre a Selic. De acordo com o especialista, a autoridade monetária local teria maior espaço para reduzir os juros referenciais sem as pressões do câmbio na inflação. “Portanto, a perspectiva de um juros menor nos Estados Unidos permite que possamos ter um juros menor aqui no Brasil, sem gerar pressão adicional na inflação”, afirmou.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.