Ministros de várias nações desembarcam em Belém em busca de soluções para a COP30

As divergências entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento continuam a ser o principal obstáculo

Perímetro do evento amanheceu com maior policiamento e nova disposição de bloqueios

Ministros de Estado de diversos países desembarcarão em Belém nesta semana para impulsionar as discussões da COP30, que na semana passada se deparou com um impasse nas negociações.

As divergências entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento continuam a ser o principal obstáculo.

Enquanto os países mais ricos exigem compromissos mais robustos e maior frequência na apresentação de dados sobre emissões, as nações do Sul Global afirmam que só poderão aumentar suas ambições se houver garantias dos recursos prometidos pelas economias mais ricas.

As discrepâncias se concentram em quatro aspectos:

  • financiamento climático;
  • proteção comercial sob o pretexto ambiental;
  • divergência nas ambições dos países em relação às metas climáticas;
  • incertezas quanto à transparência e aos critérios dos dados.

A especialista em política climática Stela Herschmann, do Observatório do Clima, acredita que a presença dos ministros traz a esperança de avanços significativos.

“Tivemos progresso e novos textos foram apresentados em várias salas de negociação, por exemplo, na questão da transição justa, que é um tema em que já trabalhamos ao longo do ano. Saímos do encontro do meio do ano com um texto bastante avançado”, comentou Herschmann em entrevista à CNN Brasil.

“[Nesta semana] com a chegada dos ministros, elevamos a discussão para um nível mais político, restando os últimos tópicos, os mais delicados, a serem abordados e destravados nas salas de negociação”, completou.

O Brasil busca uma nova abordagem, com o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, propondo uma reflexão em três aspectos relacionados ao Acordo de Paris, que completou uma década:

  • estamos em conformidade com as diretrizes do Acordo de Paris?
  • as negociações para a implementação das políticas do Acordo de Paris estão progredindo?
  • estamos respondendo à urgência da questão, acelerando ações e demonstrando solidariedade internacional?

Corrêa do Lago acredita que, por meio dessa reflexão, será possível reduzir as diferenças entre os países que, ao final do fim de semana, apresentaram uma antiga e significativa divergência.

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Mais esforços

O secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, fez um apelo aos países participantes da COP30, solicitando que intensifiquem seus esforços e busquem consensos cruciais nos momentos finais da conferência climática.

“Sei que estão fatigados, mas mais uma vez peço que avancem ainda mais. Afinal, o Acordo de Paris é de vocês para preservar e colocar em prática. São suas populações que se beneficiarão”, afirmou Stiell, enfatizando o senso de urgência diante do avanço das negociações.

Stiell destacou a necessidade de concluir o trabalho técnico e consolidar avanços em todas as áreas das negociações para facilitar o trabalho político a partir de agora.

“Para receber, é preciso dar, e honestamente, precisamos dar mais. Questões que talvez não sejam prioridade para vocês são evidentes para outras nações. O processo tem gerado resultados significativos nas últimas COPs, e esta não pode ser diferente”, enfatizou.

O secretário ressaltou, ainda, que o sucesso da COP30 depende da capacidade dos países em ouvir e compreender as prioridades dos outros, buscando convergências para garantir resultados concretos que demonstrem a eficácia do Acordo de Paris.

“É hora de nos encontrarmos nos corredores, de buscar diálogo. Os temas críticos para um resultado equilibrado e concreto estão claros, mas não está claro se todos estão prontos para se sentar à mesa sobre eles. Precisamos avançar rapidamente.”

Recorde

Além das questões relacionadas às negociações, a primeira semana da COP30 foi marcada por um recorde histórico na participação de povos originários e importantes avanços no financiamento climático.

Um dos destaques foi a Marcha Mundial pelo Clima, que reuniu mais de 5.000 pessoas, demonstrando uma transformação significativa após três conferências realizadas em países com regimes mais restritivos. Um momento emblemático ocorreu quando André Corrêa do Lago negociou com o povo Munduruku em frente à Blue Zone.

Avanços

O TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre) alcançou US$ 5,5 bilhões em compromissos, com expectativa de atingir US$ 25 bilhões. Bancos multilaterais anunciaram um incremento de US$ 185 bilhões em investimentos, enquanto o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) destinou US$ 1 bilhão para a adaptação urbana na Amazônia, região onde 70% da população reside em áreas urbanas.

A União Europeia realizou sua primeira doação ao Fundo Amazônia, e houve avanços na qualificação global de mercados de carbono, com apoio da China, Alemanha e França, fortalecendo o papel do Brasil como articulador.

*Com CNN

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