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Unhas de gel proibidas? Produto presente no esmalte é barrado na Europa; veja riscos

A substância é proibida na União Europeia, mas ainda é liberada no Brasil

Unhas

O TPO (Trimethylbenzoyl Diphenylphosphine Oxide), um fotoiniciador utilizado em esmaltes de gel e produtos de cura por luz UV foi proibido na Europa, após ter sido classificado como substância CMR (Carcinogênica, Mutagênica ou Tóxica para a Reprodução). Porém, no Brasil, esse produto ainda não foi proibido.

Segundo o dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a decisão europeia baseou-se em estudos toxicológicos que demonstraram efeitos adversos em modelos animais, sobretudo no que diz respeito à toxicidade reprodutiva.

“A União Europeia adota uma abordagem precaucionária, proibindo o uso da substância em cosméticos mesmo diante de riscos potenciais”, explicou.

Os estudos que a UE levou em conta apontam que a substância apresenta risco potencial, sobretudo em exposições prolongadas ou repetidas.

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“A toxicidade reprodutiva é a principal preocupação, embora ainda não existam evidências clínicas robustas de efeitos adversos diretos em humanos nas condições habituais de uso cosmético. Além disso, o uso de esmaltes em gel pode estar associado a outras complicações dermatológicas, como dermatite de contato alérgica, sensibilização e danos à matriz ungueal, independentemente da presença de TPO”, ressaltou.

Ainda de acordo com o médico, o Brasil ainda não proibiu o TPO porque não foram apresentadas evidências conclusivas de risco à saúde humana nas condições locais de uso.

“Além disso, a ausência de notificações relevantes nos sistemas de farmacovigilância e a falta de alternativas amplamente disponíveis contribuem para a manutenção de seu uso. O processo regulatório nacional é cauteloso e exige fundamentação técnico-científica sólida antes de proibir ingredientes cosméticos”, explicou.

Mas a pergunta que fica é: as unhas de gel podem ser proibidas no Brasil por isso? E, segundo o especialista, é possível, mas improvável a curto prazo. “A regulamentação brasileira, conduzida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tende a seguir padrões internacionais, mas adota uma abordagem baseada em risco, exigindo evidência direta de dano sob condições reais de uso. No entanto, é esperado que haja movimentações para restringir o uso do TPO especificamente, sem que isso implique na proibição total da técnica de unhas em gel”, explicou.

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.