O consumo bebida alcoólica é uma prática comum ao redor do mundo, seja em festas, celebrações e até mesmo no dia a dia. O excesso de álcool pode causar uma série de problemas, e não apenas no fígado.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a bebida alcoólica é a terceira causa evitável de câncer, atrás do tabaco e da obesidade.
Um estudo norte-americano apontou que a prática está associada a pelo menos sete tipos de câncer: mama, boca, laringe, garganta, esôfago, fígado e cólon.
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A pesquisa é do Departamento de Saúde e Recursos Humanos dos Estados Unidos que publicou o relatório Alcohol and Cancer Risk no início de 2025. Além de citar os sete tipos de câncer diretamente associados ao consumo da bebida, o documento aponta que, ao menos 741 mil casos da doença foram relacionados ao álcool em 2020.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, mais da metade dos adultos estadunidenses bebem álcool, 17% bebem compulsivamente e 6% bebem muito.
No Brasil 44,6% da população adulta relata ter o hábito de beber; sendo 18,3% de forma abusiva (cinco ou mais doses por semana para homens e quatro ou mais doses por semana para mulheres). Os dados são do Ministério da Saúde com base no Vigitel, sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis, que monitora anualmente a situação de saúde da população.
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O risco de câncer não é associado apenas aos alcoólatras. ‘Inclusive, acho que é isso que distancia as pessoas da realidade. Não existe consumo seguro de álcool e não é porque a pessoa faz uso controlado da bebida que ela estará livre do risco de câncer’, frisa a especialista. O perigo se aplica a todo tipo de álcool: vinho, destilados e até a cerveja.
O que leva o álcool a aumentar o risco de câncer?
Vários estudos têm demonstrado que há quatro mecanismos biológicos que levam o álcool a aumentar o risco de câncer.
A primeira explicação é que a substância pode danificar o DNA. Isso porque o álcool se decompõe em acetaldeído, um metabólito que causa câncer ao se ligar ao DNA de modo a danificá-lo. Uma célula pode começar a crescer descontroladamente e criar um tumor possivelmente maligno.
O segundo mecanismo de ação do álcool é que ele gera espécies reativas de oxigênio, que aumentam a inflamação no organismo por meio de um processo chamado estresse oxidativo.
O terceiro é que a substância altera os níveis hormonais (especialmente do estrogênio), o que pode expor mulheres ao aumento desse hormônio e, consequentemente, a um risco maior de câncer de mama.
Por fim, a quarta forma de ação é que alguns órgãos (como fígado, boca e intestino) sofrem efeitos diretos do álcool. Além disso, outros carcinógenos podem se associar ao álcool e facilitar sua absorção pelo corpo. “O efeito cancerígeno do álcool é invisível, mas ele é multifatorial. Ele causa danos e instabilidades no DNA, que tornam a pessoa mais suscetível a outros fatores. Por exemplo: a suscetibilidade causada pelo álcool aumenta o risco que o cigarro já está causando”, pontua Cardoso.
Existe dose segura?
De acordo com a OMS, não existe consumo seguro de álcool – qualquer quantidade pode aumentar o risco de câncer. Um fator importante é a quantidade total de álcool consumida consistentemente ao longo do tempo.
Segundo o relatório dos EUA, para certos tipos de câncer, como de mama, boca e garganta, as evidências mostram que esse risco pode começar a aumentar em torno de uma ou menos doses por dia.
Outro estudo citado no relatório dos EUA, relata que o risco absoluto de uma mulher desenvolver qualquer câncer relacionado ao álcool ao longo da vida aumenta de 16,5% para aquelas que consomem menos de uma dose de bebida por semana para 19% para as que ingerem uma dose diária; e para 21,8% entre as que consomem duas doses por dia, em média. Isso corresponde a cinco mulheres a mais em cada 100 com potencial de desenvolver a doença.
No Brasil, a referência de dose mais utilizada é a divulgada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), que considera que uma dose (unidade) padrão de álcool correspondente a 14 g de etanol puro – isso equivale a cerca de 350 ml de cerveja (uma lata), 150 ml de vinho ou 45 ml de destilados (como vodca, cachaça ou uísque).
*Com informações da Agência Einstein